A minha santidade anda
pelas ruas da podridão amargurada. Por detrás de palavras bonitas e sentidas no
momento, sou tentado a ir pela escuridão tenebrosa, mofosa e ardente, ao invés
da Luz
de Deus, que me ilumina constantemente o verdadeiro caminho, através
das palavras bonitas e sentidas no
momento.
Acredito que é pelo sopro do Espirito Santo, que as palavras
que passo para o papel possam aquecer alguns corações ainda mais frios que o meu e não pela minha ignorância total dos
desígnios de Deus. Sinto que, tal como a Beata Teresa de Calcutá, não sou nada
nem ninguém, sou simplesmente um pequeno e rude lápis na Sua mão, com o qual
ele escreve aquilo que deseja porque, se fossem apenas palavras minhas, seriam
estéreis e inúteis, aumentando mais ainda a escuridão dos corações ainda mais frios que o meu.
A minha aparente
santidade é tudo menos isso. Posso não ter pecados mortais, mas pecar por
pensamentos, palavras, atos e omissões, não deixam de ser Pecados. Pecados que
me marcam, magoam e ferem profundamente o meu coração, afastando-me cada vez
mais da santidade humanamente possível.
A Luz de Deus afasta-se gradualmente, ao contrário da
escuridão, que se aproxima rapidamente, mas não é Ele o responsável, sou eu que
não tenho forças humanamente suficientes e deixo-me seduzir, não pelo Bem
perpétuo mas sim pelo Mal finito, muito mais envolvente e acessível do que
Santa Maria Scala Coeli.
Sou responsável por um
pequeno punhado de Homens que Te seguem como Te seguia a Tua e Nossa Mãe Maria
Santíssima, no entanto, Meu Senhor e Meu
Deus, os seus corações estão mais abrasados do que o meu, para Te
encontrarem desta forma especial e peculiar que são as Romarias Quaresmais. Talvez
por esse facto é que eu os seguirei e não ao contrário, talvez por isso é que
eu serei o último depois do último, mas mesmo neste lugar, ainda serei
privilegiado e sinto que não sou merecedor de tal privilégio, Meu Senhor e Meu Deus.
A minha aparente
santidade é tudo menos isso, é uma santidade marcada e manchada de uma impureza
atroz, onde a Luz de Deus dificilmente entra e a escuridão está impregnada em
todo o meu ser.
Termino este meu
desabafo suplicante com uma pequena oração à Senhora de Guadalupe, minha
medianeira:
Minha doce e terna Mãe
Só tu tens o poder
De engrandecer as súplicas
Da amargura da minha vida
E da aridez que muitas vezes sinto
Apenas tu e só tu
Transformas a minha amargura
E a aridez espinhosa
Em pequenas gotas de orvalho matinal
Na flor mais bela do nosso jardim
Minha terna e doce flor
Peço-te que recebes
As minhas fracas orações
Por vezes apenas faladas
Na ausência do coração
Só tu consegues embelezar
As palavras rudemente ditas
Dos pensamentos sentidos
Por este teu filho pecador
Junto a Teu Filho Nosso Senhor.