É
com este titulo
que aproveito o artigo da Srª Carmo Rodeia sobre O
império da partilha.
Realmente
tentamos viver a
utopia da solidariedade,
no entanto, são só algumas semanas em que muitos de nós realizam
essa solidariedade. Na verdade, e como a Srª Carmo Rodeia diz e
muito bem, “Cada
um dentro de suas possibilidades e dons, pode em diversos momentos da
vida fazer obras de misericórdia.“
Realizar
obras de misericórdia, não passa apenas e somente, partilhar o pão,
a carne e o vinho durante as semanas do Espírito Santo, mas sim a
partilha abnegada durante o ano todo com os que mais precisam
(começando nas nossas famílias) e dentro das possibilidades de cada
um. Ser irmão de um Império do Divino Espírito Santo, não passa
somente por ter que servir nos ditos bodos. Servir, também é ajudar
aqueles que têm possibilidades para o fazerem, servir também é
ajudar o próximo…
Quando
ouço alguém dizer que determinada pessoa foi convidada a sair de um
império, porque não
queria servir
(leia-se “não pode servir por razões alheias à sua vontade”)
pergunto-me: “-onde mora a solidariedade entre irmãos desse
império?”
A
evangelização da religiosidade popular, nomeadamente nestas festas
em Louvor do Divino Espírito Santo está a dar os seus primeiros
passos, no entanto, ainda que seja apenas uma ideia pessoal e
peregrina, julgo que deveria ser obrigatória
para os responsáveis dos impérios e estes por sua vez, passarem aos
irmãos que irão ser mordomos. Só assim, talvez
a solidariedade fosse mais verdadeira e não apenas o
mostrar aos Homens as posses que cada um tem.
Longe
vai o tempo em que a pobreza
de cada um era alvo de alegria entre os Anjos e agrado a Deus Nosso
Senhor. Hoje, muitos bons cristãos caem na tentação de querem ter
um altar melhor, mais vistoso e com mais likes nas suas paginas do
facebook, do que o do vizinho
ou até uma mesa farta de iguarias que servem de jantar em muitas
casas onde os símbolos que O representam estão, esquecendo-se que o
mais importante, não é o que a vista vê ou as papilas gustativas
sentem, mas apenas
o que Deus vê nos nossos corações e sente nas nossas almas.
Servir,
passa principalmente pela partilha com os mais pobres, excluídos e
menos amados e não somente pelos amigos, vizinhos e aqueles que
também já nos convidaram. É natural do ser humano e fica
bem perante a sociedade,
os convites aos amigos, vizinhos e quem já nos convidou, no
entanto, também devemos partilhar com os
outros
e que belo seria, se essa partilha fosse realizada de forma a que a
mão direita não soubesse o que a esquerda fez.
“Não
querer servir”
por razões alheias à vontade do irmão, nunca deveria ser uma forma
de convidar a sair, mas sim uma forma de afirmar os mais nobres
valores, como a Srª Carmo Rodeia refere no seguinte paragrafo:
“Se
conseguirmos, cada um de nós, ser outro Paráclito, que é como quem
diz, consoladores e defensores dos nossos irmãos, sobretudo dos
pobres, excluídos e não amados estaremos a afirmar os mais nobres
valores que devem estar subjacentes à condição humana.”
“Estaremos
a realizar festa do Espírito Santo todo o ano e … a evangelizar.“,
quando
as mesmas forem realizadas em honra do Divino Espírito Santo com o
verdadeiro espírito com que foram criadas.