05 abril 2007

Caminhada de Fé

Abaixo transcrevo um artigo que saiu ontem no Diário Insular, sobre a romaria feita nesta ilha. Um artigo visto de dentro, isto é, um artigo sobre a vivência desses 4 dias.



Pelas 5 horas da madrugada do dia 15 de Março findo começou a nossa romaria, há muito tempo esperada, há algum tempo preparada por todos nós, irmãos romeiros. As expectativas ao princípio variavam de irmão para irmão, uns porque já tinham feito este tipo de caminhada espiritual, outros porque iria ser a sua primeira vez, mas todos com as suas intenções e principalmente com Fé, sem duvida alguma.
Entre outras coisas, sabíamos que iríamos numa romaria em que se rezaria muito e meditar-se-ia mais ainda.
Como seria de esperar, os primeiros minutos foram integralmente dedicados à eucaristia onde, de uma maneira especial, “bebemos” as palavras da Sagrada Escritura e “comemos” o corpo de Cristo humanado na hóstia sagrada.
Saímos do Santuário de Nossa Senhora da Conceição por volta das 6 horas rumo a 4 dias de caminhada, não só em direcção a Ele, como principalmente em direcção a nós, em direcção à nossa essência mais pura e, há simplicidade e ao essencial da vida, desta vida terrena, onde a vivemos como se mais nada houvesse, como se esta vida não fosse uma mera passagem para outra, mais gloriosa e mais gratificante.
Dia após dia, saíamos pela calada da noite onde as estrelas, quais anjos a velarem por nós, eram a companhia silenciosa nas nossas orações em uníssono matinais e, acabávamos, quase sempre, no lusco-fusco do fim do dia, com a sensação de “alma lavada”, onde as orações, cânticos e meditações diárias, faziam sentido nas nossas almas e davam-nos respostas às perguntas feitas e não feitas, no dialogo silencioso com Ele.
Dia após dia, com a ajuda Divina sem duvida alguma, era como se fosse sempre o primeiro dia, já que o cansaço físico desaparecia como que por milagre, ao contrário de outras caminhadas que cada um de nós já tinha feito, na sua grande maioria, de apenas algumas horas.
Aqui e ali parávamos por vezes, ora para alimentar o espírito, ora para alimentar o corpo. Nessas paragens fomos conhecendo melhor os restantes irmãos, construindo amizades abnegadamente, onde se viveu num espírito de equipa e entreajuda.
Igreja atrás de igreja, ermida após ermida, de saca às costas, xaile, lenço, terços e bordão na mão, lá íamos nós, qual sal da terra em direcção à próxima igreja, à próxima ermida.
Por todos os locais onde íamos passando, comendo e pernoitando, por todos eles sem excepção, fomos sempre bem recebidos, qual Mãe de braços abertos acolhendo no seu colo estes seus filhos pecadores e, sem palavras mas com olhar meigo e sorriso doce, perdoar as nossas ofensas.
Foram 4 dias em que caminhamos com Jesus, Maria e José, onde o terço e a oração eram uma constante que nos reconfortava, entre risos e choros sem constrangimento, entre descobertas e redescobertas, com um respirar de quase santidade em que vivemos esta caminhada em direcção a Ele terminou…por agora.
Agora, findada esta caminhada, chegou o 5º dia, o primeiro do resto das nossas vidas de romeiros, somos convidados por Cristo e nossa Mãe Santíssima, a dar o nosso testemunho, quais apóstolos, a viver o resto do ano em permanente romaria em comunhão com o Pai.
Desalento, duvidas, algum cansaço físico e espiritual, por vezes foi enublando as nossas almas, do Sol que queríamos que fosse permanente mas, como após a noite vem o dia, também todo esse desalento, duvidas, algum cansaço físico e espiritual, foi substituído por graças (arrepios da alma, como alguém disse), por orações que mais do que orar, começaram a fazer eco dentro de nós, a fazer sentido nos nossos corações, que no silêncio dos mesmos, iam enchendo as nossas almas. Orações que com a ajuda divina encurtaram o longo caminho do pouco que percorremos, do muito que ainda temos de percorrer em direcção ao nascimento espiritual.
Fomos à procura de algo, que por vezes não conseguimos explicar e ainda que seja difícil de passar a palavras escritas ou verbais, trouxemos connosco mais do que o pedido, mais do que meras experiências, trouxemos Cristo e sua Mãe Santíssima nos nossos Corações e, só quem vive uma experiência assim sabe e sente o que nós sabemos e sentimos.
Todos nós fomos peças de um puzzle menor que encaixaram perfeitamente onde, apesar da importância inequívoca de todos, o guia espiritual foi uma peça essencial, um pastor que soube unir e guiar o rebanho, qual farol que iluminou a nossa caminhada espiritual, onde a Fé no seu terminus, acabou por transbordar.


8 comentários:

Catequista disse...

Aproveito para desejar uma Santa e Feliz Páscoa.

Ver para crer disse...

É bom que todos façamos uma caminhada ao encontro de Cristo.
Boa Páscoa!

Migalhas disse...

Paulo,
uma Santa Páscoa

Anónimo disse...

Resurrexi et adhuc tecum sum - ressuscitei e estou sempre contigo! Feliz Pascoa!

nahar disse...

Cristo está vivo. Aleluia

abraço

José Avlis disse...

* * *
Caro Paulo

Faço os melhores votos de SANTA E FELIZ PÁSCOA para ti, extensivamente à tua Família.

JESUS CRISTO RESSUSCITOU!
ALELUIA! ALELUIA! ALELUIA!


Cordiais saudações pascais.
José Mariano
*

Elsa Sequeira disse...

Paulo!!

Que a Fé e o amor nunca parem de transbordar!!!

santa Páscoa!!

beijinhos!

Maria João disse...

É mesmo preciso caminhar e alimentar o espírito. Se não, fica fraco. Boa caminhada... com Cristo!