02 setembro 2010

“Padres de púlpito precisam-se!”


Quase todas as igrejas possuem um púlpito, local onde os padres antigamente proferiam as leituras da Sagrada Escritura e respectivo sermão. Hoje, na sua grande maioria, são apenas e tão-somente um adorno da igreja, algo que quase parece mais uma varanda com vista para a igreja ou, em cerimónias como casamentos e baptizados, para quem foi contratado para filma-las e/ou fotografá-las. Hoje em dia, as leituras e respectivo sermão são proferidos ao mesmo nível do que os fieis, ao contrário de outros tempos, em que os referidos fieis tinham que olhar para cima.

Independentemente de pontos de vista teológicos ou de directivas da Santa Sé, não quero dizer com esta pequena introdução (quiçá controversa), que pense que os padres devam voltar a usar o púlpito, fisicamente falando. É certo que ainda existem alguns que não deixam acumular pó ou teias de aranha no referido local mas, quando digo que “Padres de púlpito precisam-se!” refiro-me a padres que o são na verdade da palavra, contra tudo e todos, em nome da fé que professam, ou seja, que não se deixam amordaçar pelo poder económico ou político. Que não entram em cantigas, como por exemplo “o socialmente correcto”. Jesus Cristo, naquele tempo também em nome de Deus, não foi nas cantigas de então. Que não caem na tentação do marasmo que se vê em algumas igrejas por este país dentro, principalmente nas missas dominicais, onde as leituras são monocórdicas, e infelizmente, como se isso já não fosse bastante, as explicações da Sagrada Escritura ficam há quem das expectativas da maioria dos fieis, como se o padre não tivesse tido tempo durante a semana para se preparar convenientemente ou como se os fieis não fossem perceber.

A propósito “das expectativas da maioria dos fiéis” há tempos atrás, numa procissão de freguesia, e na sequência de um comentário sobre devoção/obrigação um padre dizia para um outro:

- Não sei o que é que este povo de Deus pretende de nós!”

Bem, na sequência do já acima escrito, o que o povo de Deus possivelmente pretende dos padres de hoje, é que, espanejam as missas, tirem as teias de aranhas dos bancos que não são usados e, por amor de Deus, para além de uma preparação conveniente, principalmente para as missas dominicais, não tenham medo em explicar a Sagrada Escritura à luz dos dias de hoje, ou seja, de um ponto de vista catequetico e profético. De um ponto de vista de sacerdote para fiel, onde não exista a critica pessoal e por vezes destrutiva, o recado a alguém que está na igreja ou pontos de vista pessoais “ofensivos” sobre “determinado(s) movimento(s) da igreja. Todos nós somos filhos de Deus e todos nós professamos a fé em Deus, seja como individuo e/ou inserido em algum movimento.

O que também o povo de Deus possivelmente pretende é que os padres sejam-no, não por obrigação, mas sim por devoção.

Costumo dizer (como possivelmente muitos outros fieis) que existem “padres que chamam-nos à igreja e outros que nos afastam”. Graças a Deus que ainda existem muitos padres que nos chamam à igreja, aqueles a que apelido de Padres do púlpito, no entanto, apesar de (ainda) muitos, começam a ser poucos para a messe que é grande.

Termino dizendo que, com este artigo de opinião pessoal, não estou a apontar o dedo ou a fazer uma crítica destrutiva a algum sacerdote em particular, muito pelo contrário, tento com este modesto artigo despertar o ardor dos nossos corações quando Ele nos fala durante a caminhada terrena e nos explica as escrituras, em especial aos padres, mas também a todos os fieis (começando por mim) que também por vezes, contribuem para a apatia geral nas missas.

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