15 dezembro 2010

O ROSARIO - 5

Adolfo de Esser, o primeiro devoto do Rosário


Os registros da cartuxa da época chamam-no: "Adolphus de Assindia" (cerca 1375-1439). Assim é designado o seu nome de batismo - os nomes em religião não existem ainda - e o seu lugar de origem. Ele é oriundo do Principado das Nobres Senhoras Cônegas isentas de Esserl Ruhr. Da sua vida anterior e sobre a sua família não fez - como bom cartuxo - nenhuma revelação, o que não facilita as investigações.
Não se deve atribuir a sua profunda devoção para com a Santíssima Virgem à influência da sua mãe; o único episódio conhecido da sua juventude no-lo prova. E se ele teve uma entrada tão rápida na corte de Lorraine, não é porque estivesse habituado a mover-se em meio nobre e fosse, apesar da sua juventude, uma personalidade particularmente madura.
Todos os fatos concordam e provam que Adolfo pertencia a uma família da velha nobreza, da região de Colônia, que exercia desde há séculos a função de magistrado, isto é, o mais alto cargo do Principado de Esser.
Na corte ducal de Guilherme Von Berg (†1408) Adolfo gozava da consideração e da confiança do Duque e da sua esposa, que era Ana de Baviera, e que fundou em 1407 em Dusseldorf «a Fraternidade das Alegrias de Nossa Senhora para as Irmãs e Irmãos do Rosário».
Além disso, Adolfo fez provavelmente estudos de direito na jovem universidade de Colônia. Quando entrou em região, ele tinha pelo menos o titulo universitário de «Bacharel em Artes». O seu estilo oratório revela como está próximo do povo, apesar da sua formação universitária. Muito cedo ele poderia ter adotado de um convento de devotas de Esser, sem dúvida pelos bons cuidados dum cônego, a sua maneira popular de recitar as 50 Ave. .
E se ele pôde tão facilmente socorrer a duquesa de Lorraine na sua aflição, é porque ele antes, numa situação trágica, teve de recorrer a esta forma de piedade bíblica, que não abandonará jamais até à sua morte.
Uma confidência durante o último ano de vida revela ao mesmo tempo quais foram as necessidades e a graça desta hora: «Eu não podia de maneira nenhuma ser ajudado, se Deus não se tivesse feito homem! Eu não teria sabido onde e como encontrar Deus. É por isso que eu tenho tanta consideração pela natureza humana e a vida terrestre de Cristo».
Isso aconteceu quando? Segundo Modesto Leydecker, historiador da cartuxa de Tréveris em 1765, a causa imediata da entrada de Adolfo na Ordem teria sido provocada por uma repentina epidemia de morte massiva.
A decisão, portanto, tinha amadurecido lentamente, com as preocupações que lhe causava a sua mãe e também por causa dos acontecimentos vividos na corte do Duque de Berg. Talvez isso se situe à volta de 1396, na altura dos seus estudos em Calória.
A mesma época terá sido a hora do nascimento do Rosário. Enquanto Adolfo recitava as 50 Ave-Marias, esta humilde oração, ele apercebeu repentinamente desenhado num imenso fresco o curso do mundo englobando o seu próprio destino banhado no amor condescendente de Deus. Desta maneira, Adolfo de Esser foi o primeiro devoto do Rosário. Porquê?
Precisamente porque foi o primeiro a unir a contemplação - da - vida - de Jesus à recitação vocal das 50 Ave-Marias. Desta união nasceu o nosso Rosário hoje em uso.

As 50 Ave-Marias das Devotas de Esser

Na Baixa - Renânia, existiam até ao século XVII várias maneiras diferentes de recitar - com sentido - 50 Ave-Marias consecutivas. Dois livros de orações das Devotas de Esser contêm a maneira mais bela e a mais próxima do nosso Rosário. Encontram-se nos arquivos da catedral.
Eliminando toda a sobrecarga ulterior, obtemos o texto seguinte, que Adolfo de Esser certamente conheceu: No dia que comemora a Encanação do Filho de Deus no seio da Virgem Maria, reza assim:
«Ó Mãe de Deus, eu ofereço-te estas 50 Ave para te louvar e te honrar em reconhecimento do dia em que o Anjo Gabriel te anunciou que ias conceber o Filho de Deus pela ação do Espírito Santo. Como tu própria te doaste, também eu te entrego o meu corpo e a minha alma, a minha honra e todo o meu bem, os meus cinco sentidos e tudo aquilo de que posso dispor. Da tua parte, obtém para mim da parte do Senhor Onipotente tudo o que me é útil e bom para o Seu serviço, e para a minha alma a felicidade; e se um dia a minha alma e o meu corpo devem separar-se, então reclama, como sendo teu bem pessoal, a minha pobre alma e conduze-la à alegria e à felicidade da vida eterna. Amén».
A partir desse dia durante um ano e todos os dias, recita 3 Ave como prova da tua consagração a Maria e acrescenta a oração seguinte:
«Ó Mãe de Deus, eu ofereço-te essas 3 Ave para te provar que no dia em que concebeste o Filho de Deus pela ação do Espírito Santo, eu dei-te o meu corpo e a minha alma, etc. (como referido acima) ».
Um ano depois, na festa de Maria, recita, em primeiro lugar de pé, o salmo «Miserere» e continua de joelhos:
«O Anjo do Senhor entrou e disse a Maria: Eu te saúdo, Maria, cheia de graça. O senhor é contigo, tu és bendita entre todas as mulheres e Jesus, o fruto do teu ventre, é bendito».
Levanta-te agora, e diz com fervor: Amén. Eis o dia que o Senhor fez! Hoje Deus teve pena do seu povo! Hoje livrou-o da morte, que uma mulher nos deu e que uma virgem agora suprimiu!»

Agora lança-te três vezes por terra e diz:

«Hoje Deus fez-se homem! O que Ele era, permaneceu o mesmo; e o que não era, adquiriu-o: Hoje Deus fez-se Homem!» De novo de pé, para venerar e festejar jubilosamente o começo da nossa salvação, diz: «Glória a ti, Senhor! Porque por esta obra, que é a maior do teu amor salvador, Tu nos concedeste, a nós, pobres pecadores, a Redenção total e a ajuda que conduz à vida nova».
Enfim, de joelhos, termina a tua oração por estas palavras:

«Ora por nós, Santa Mãe de Deus. Para que nos tomemos dignos das promessas de Jesus Cristo.

Ó Deus, Tu que quiseste que o Teu Filho, depois do anúncio do anjo, tomasse carne no seio da Virgem Maria, concede a teus Filhos que a reconheçam verdadeiramente como Mãe de Deus. Por J.C.N.S. que vive e reina contigo na unidade do Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amén».

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