27 janeiro 2010

Perdão


Perdoai-me Senhor
pelas inumeras vezes
talvez até em demasia
que tropeço e caio.

Sei que apesar disso
me dás sempre a Tua mão
para novamente erguer-me
e caminhar em direcção a Ti.

Perdoai-me Senhor!

21 janeiro 2010

MENSAGEM DO SANTO PADRE AOS MEMBROS DA FAMILIA DOS CARTUXOS POR OCASIÃO DO IX CENTENÁRIO DA MORTE DE SÃO BRUNO



MENSAGEM DO SANTO PADRE

AOS MEMBROS DA FAMÍLIA DOS CARTUXOS

POR OCASIÃO DO IX CENTENÁRIO DA

MORTE DE SÃO BRUNO







Ao Rev.do Pe.

MARCELLIN THEEUWES

Prior da Cartuxa Ministro-Geral da Ordem dos Cartuxos

e a todos os membros da Família cartusiana

1. No momento em que os membros da Família dos Cartuxos celebra o IX

centenário da morte do seu Fundador, juntamente com eles dou graças a

Deus, que suscitou na sua Igreja a figura eminente e sempre actual de São

Bruno. Numa oração fervorosa, ao apreciar o vosso testemunho de fidelidade

à Sé de Pedro, uno-me de bom grado à alegria da Ordem cartusiana, que tem

neste "pai bondoso e incomparável" um mestre de vida espiritual. A 6 de

Outubro de 1101, "ardendo de amor divino", Bruno abandonava "as sombras

fugitivas do século" para alcançar definitivamente os "bens eternos" (cf.

Carta a Raul, n. 13). Os irmãos da ermida de Santa Maria da Torre,

na Calábria, aos quais ele dera tanto afecto, não podiam duvidar que

este Dies natalis inaugurava uma aventura espiritual singular que ainda

hoje dá abundantes frutos à Igreja e ao mundo.

Testemunha da efervescência cultural e religiosa que, na sua época,

agitava a Europa nascente, tendo tomado parte activa na reforma que a

Igreja desejava realizar perante as dificuldades internas com as quais se

deparava, depois de ter sido um professor apreciado, Bruno sente-se

chamado para se consagrar ao bem único que é o próprio Deus. "E o que há

de melhor do que Deus? Existe outro bem, além do único Deus? Também a alma

santa, que se apercebe desse bem, do seu incomparável fulgor, do seu

esplendor, da sua bondade, arde com a chama do amor celeste e exclama:

"Tenho sede do Deus forte e vivo, quando irei ver o rosto de Deus"" (Carta

a Raul, 15). O carácter radical desta sede estimulou Bruno, na escuta

paciente do Espírito, a descobrir com os seus primeiros companheiros um

estilo de vida eremita, onde tudo favoreça a resposta à chamada de Cristo

que, em todos os tempos, escolheu homens "para os conduzir à solidão e

uni-los num amor íntimo" (Estatuto da Ordem dos Cartuxos). Mediante estas

escolhas de "vida no deserto", Bruno convida desde o início toda a

comunidade eclesial "a nunca perder de vista a vocação suprema, que é

permanecer sempre com o Senhor" (Vita consecrata, 7).

Bruno evidencia o seu profundo sentido de Igreja, ele que foi capaz de

esquecer o "seu" projecto para responder aos apelos do Papa. Consciente de

que a caminhada pelas longas estradas da santidade não se concebe sem a

obediência à Igreja, ele mostra-nos também que o verdadeiro caminho no

seguimento de Cristo exige o entregar-se nas suas mãos, manifestando no

abandono de si um acréscimo de amor. Esta atitude mantinha-o sempre na

alegria e no louvor constantes. Os seus irmãos observaram que "tinha

sempre o rosto repleto de alegria e a palavra modesta" (Introdução ao

Pergaminho fúnebre dedicada a São Bruno). Estas palavras delicadas do

Pergaminho fúnebre exprimem a fecundidade de uma vida dedicada à

contemplação do rosto de Cristo, fonte de eficácia apostólica e força de

caridade fraterna. Possam os filhos e as filhas de São Bruno, seguindo o

exemplo do seu pai, continuar incansavelmente a contemplar Cristo,

montando desta forma "uma guarda santa e perseverante, na expectativa da

vinda do seu Mestre para lhes abrir logo que ele bater à porta" (Carta a

Raul, n. 4); isto constitui um apelo encorajador a que todos os cristãos

permaneçam vigilantes na oração a fim de acolher o seu Senhor!

2. Depois do Grande Jubileu da Encarnação, a celebração do nono centenário

da morte de São Bruno adquire hoje um ulterior relevo. Na Carta Apostólica

Novo millennio ineunte convido todo o povo de Deus a partir de Cristo, a

fim de permitir que todos os que têm sede de sentido e de verdade ouçam

bater o coração de Deus e o coração da Igreja. A Palavra de Cristo,

"estarei sempre convosco, até ao fim do mundo" (Mt 28, 20), convida todos

os que têm o nome de discípulos a tirarem desta certeza um renovado

impulso na sua vida cristã, força inspiradora do seu caminho (cf. Novo

millennio ineunte, 29). A vocação para a oração e para a contemplação, que

caracteriza a vida da Cartuxa, demonstra de modo particular que só Cristo

pode dar à esperança humana uma plenitude de significado e de

alegria.

Então, como duvidar um só instante que uma semelhante expressão do puro

amor dê à vida da Cartuxa uma extraordinária fecundidade missionária? No

retiro dos mosteiros e na solidão das celas, paciente e silenciosamente,

os Cartuxos tecem as vestes nupciais da Igreja, "bela como uma esposa que

se ataviou para o seu esposo" (Ap 21, 2); eles apresentam quotidianamente

o mundo a Deus e convidam toda a humanidade para a festa nupcial do Anjo.

A celebração do sacrifício eucarístico constitui a fonte e o auge de toda

a vida no deserto, conformando com o próprio ser de Cristo todos os que se

abandonam ao amor, a fim de tornar visíveis a presença e a acção do

Salvador no mundo, para a salvação de todos os homens e para a alegria da

Igreja.

3. No coração do deserto, lugar de prova e de purificação da fé, o Pai

conduz os homens por um caminho de despojamento que se opõe a qualquer

lógica do possuir, do sucesso e da felicidade ilusória. Guigues, o

Cartuxo, não se cansava de encorajar todos os que desejavam viver segundo

o ideal de São Bruno a "seguir o exemplo de Cristo pobre (para)...

participar nas suas riquezas" (Sur la vie solitaire, n. 6). Este

despojar-se requer uma ruptura radical com o mundo, que não é desprezo do

mundo, mas uma orientação tomada para toda a existência numa busca assídua

do supremo Bem: "Vós me seduzistes, Senhor, e eu me deixei seduzir" (Jr

20, 7). Feliz é a Igreja que pode contar com o testemunho dos Cartuxos, de

total disponibilidade ao Espírito e de uma vida inteiramente dedicada a

Cristo!

Por conseguinte, convido os membros da Família dos Cartuxos, através da

santidade e da simplicidade da sua vida, a permanecer como uma cidade em

cima do monte e como uma luz sobre o lucernário (cf. Mt 5, 14-15).

Radicados na Palavra de Deus, saciados pelos Sacramentos da Igreja,

amparados pela oração de São Bruno e dos irmãos, eles permanecem em toda a

Igreja e no centro do mundo "lugares de esperança e de descoberta das

bem-aventuranças, lugares onde o amor, haurindo na fonte da comunhão que é

a oração, é chamado a tornar-se lógica de vida e fonte de alegria" (Vita

consecrata, 51). Expressão sensível de uma oferta de toda a vida vivida em

união com a de Cristo, a vida de clausura, fazendo sentir a precariedade

da existência, convida a contar unicamente com Deus. É também "o lugar da

comunhão espiritual com Deus e com os irmãos e irmãs, onde a limitação dos

espaços e dos contactos ajuda à interiorização dos valores evangélicos

(Ibid., n. 59). De facto, a busca de Deus na contemplação é inseparável do

amor dos irmãos, amor que nos faz reconhecer o rosto de Cristo no mais

pobre dos homens. A contemplação de Cristo vivida na caridade fraterna

continua a ser o caminho mais seguro da fecundidade de qualquer vida. São

João não deixa de o recordar: "Caríssimos, amemo-nos uns aos outros,

porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama, nasceu de Deus e

conhece-O" (1 Jo 4, 7). São Bruno compreendeu isto muito bem, ele que

nunca separou a prioridade que durante toda a sua vida conferiu a Deus da

profunda humanidade de que era testemunha entre os seus irmãos.

4. O IX centenário do Dies natalis de São Bruno oferece-me a oportunidade

de renovar a viva confiança à Ordem dos Cartuxos na sua missão de

contemplação gratuita e de intercessão pela Igreja e pelo mundo. A exemplo

de São Bruno e dos seus sucessores, os mosteiros dos Cartuxos não cessam

de despertar a Igreja para a dimensão escatológica da sua missão,

recordando as maravilhas que Deus realiza e vigiando na expectativa do

cumprimento último da esperança (cf. Vita consecrata, 27). Sentinela

incansável do Reino que há-de vir, procurando "ser" antes de "fazer", a

Ordem dos Cartuxos dá à Igreja vigor e coragem na sua missão, para se

fazer ao largo e permitir que a Boa Nova de Cristo acenda toda a

humanidade.

Nestes dias de festa da Ordem, rezo ardentemente ao Senhor para que faça

ressoar no coração de numerosos jovens o apelo a deixar tudo para seguir

Cristo pobre, ao longo do caminho exigente mas libertador do percurso dos

Cartuxos. Além disso, convido os reponsáveis da família dos Cartuxos a

responder sem receio aos apelos das jovens Igrejas, para fundar mosteiros

nos seus territórios.

Com este espírito, o discernimento e a formação dos candidatos que se

apresentam devem ser objecto de uma atenção renovada por parte dos

formadores. De facto, a cultura contemporânea, marcada por um forte

sentimento hedonista, pelo desejo de possuir e por uma concepção errónea

da liberdade, não facilita a expressão da generosidade dos jovens que

desejam consagrar a sua vida a Cristo, escolhendo percorrer, no seu

seguimento, o caminho de uma vida de amor oblativo, de serviço concreto e

generoso. A complexidade do caminho pessoal, a fragilidade psicológica, as

dificuldades de viver a fidelidade no tempo, convidam a fazer com que nada

seja descuidado, a fim de oferecer a todos os que pedem para entrar no

deserto da Cartuxa uma formação que inclua todas as dimensões da pessoa.

Além disso, dar-se-á uma particular atenção à escolha de formadores

capazes de seguir os candidatos ao longo do caminho da libertação interior

e da docilidade ao Espírito Santo. Por fim, sabendo que a vida fraterna é

um elemento fundamental do caminho das pessoas consagradas, convidar-se-ão

as comunidades a viver sem reservas o amor recíproco, criando um clima

espiritual e um estilo de vida conformes com o carisma da Ordem.

5. Queridos filhos e amadas filhas de São Bruno, como recordei no final da

Exortação pós-sinodal Vita consecrata, "vós não tendes apenas uma história

gloriosa para recordar e narrar, mas uma grande história a construir!

Olhai o futuro, para o qual vos projecta o Espírito a fim de realizar

convosco ainda grandes coisas" (n. 110). No coração do mundo, tornai a

Igreja atenta à voz do Esposo que fala ao seu coração: "Tende confiança!

Eu venci o mundo" (Jo 16, 33). Encorajo-vos a nunca renunciar às intuições

do vosso fundador, mesmo se o empobrecimento das comunidades, a diminuição

das entradas e a incompreensão suscitada pela vossa escolha de vida

radical vos possam fazer duvidar da fecundidade da vossa Ordem e da vossa

missão, cujos frutos pertencem misteriosamente a Deus!

A vós, estimados filhos e queridas filhas da Cartuxa, que sois os

herdeiros do carisma de São Bruno, compete conservar em toda a sua

autenticidade e profundidade a especificidade do caminho espiritual que

ele vos mostrou com a sua palavra e o seu exemplo. O vosso apreciado

conhecimento de Deus, alimentado na oração e na meditação da sua Palavra,

convida o povo de Deus a alargar o próprio olhar até aos horizontes de uma

humanidade nova e rica da plenitude do seu sentido e unidade. A vossa

pobreza oferecida para a glória de Deus e a salvação do mundo é uma

eloquente contestação das lógicas de rendimento e de eficácia que, muitas

vezes, fecham o coração dos homens e das nações às verdadeiras

necessidades dos seus irmãos. A vossa vida escondida com Cristo, como a

Cruz silenciosa plantada no coração da humanidade redimida, permanece de

facto para a Igreja e para o mundo o sinal eloquente e a chamada

permanente do facto que cada ser, hoje como ontem, se pode deixar prender

por Aquele que é amor.

Ao confiar todos os membros da família da Cartuxa à intercessão da Virgem

Maria, Mater singularis Cartusiensium, Estrela da evangelização do

terceiro milénio, concedo-vos a afectuosa Bênção apostólica, que faço

extensiva a todos os benfeitores da Ordem.

Vaticano, 14 de Maio de 200

14 janeiro 2010

Desabafo...

Por vezes sinto uma necessidade horrível de estar só. De me encontrar a sós com o único Deus e Senhor e falar-Lhe. Conversar é certo, agradecer sem dúvida, mas também puxar-Lhe as orelhas pelas coisas menos boas que vão ocorrendo nesta minúscula bola azul no meio de um não sei o quê. Gritar com Ele e perguntar o porquê de tantas atrocidades que cada vez mais ocorrem neste meio do azul. Dar-Lhe alguns socos valentes no estômago e dizer que os familiares que me tirou daqui foi uma grande maldade, logo quando mais precisava deles.
Depois, abraça-Lo da maneira que se abraça um Pai e deixar cair as lágrimas contidas ao longo dos anos e pedir-Lhe perdão por estas palavras amargas e violentas porque, algures na minha alma, sei que o que Ele faz é sempre para o meu bem, mesmo que na altura dos acontecimentos pareçam tudo menos isso.
Por vezes (muitas vezes até) sinto uma necessidade imensa de estar só e tentar (por segundos que sejam) contemplá-Lo numa solidão (que é tudo menos isso) a dois e falar-Lhe dos que mais precisam, daqueles que não O conhecem e das maravilhas de faz.
Obrigado Senhor por tudo, mesmo por aquilo que se calhar não merecia, e mesmo assim, derramaste sobre mim.
Por último agradeço ao Sinais do céu.. ao qual, sem a sua música de fundo, não teria escrito estas palavras.