16 dezembro 2013

Batismo

 
 
Não sei porque é que fui batizado tão tardiamente, tendo em conta que é normal uma criança ser batizada mais cedo ou em datas marcantes no calendário religioso mas isso, pouco importa agora. Interessa sim é que nessa data tornei-me filho de Deus e isso basta-me.

13 dezembro 2013

Natividade


O Natal está à porta. Este ano temos na nossa casa os meus sogros por uns tempos. A minha sogra foi operada à coluna e não podendo subir e descer escadas (como na sua casa), na minha casa tem uma parte sem escadas onde tem todos os cómodos necessários e na sala jantamos em família os cinco. Assim, foram recebidos como quem recebe a sagrada família em sua casa aguardando o nascimento do Menino. Não tarda o Natal chega, mas a maioria das pessoas olha mais para o Pai Natal e o consumismo exacerbado em vez do principal e essencial que é o Redentor.

11 dezembro 2013

Paz à sua Alma e que Deus a tenha recebido


Fez ontem 12 anos que a minha avó partiu para o Pai. Apesar de todas as coisas “menos boas” que possa ter feito, acredito que fez outras tantas realmente boas, mais que não tenha sido ajudar-me a crescer. Apesar de já ser alguns anos, parece que foi há menos. Obviamente que gosto muito da minha mãe, mas amava a minha avó e, por vezes, faz-me falta tê-la do outro lado da linha para falar, dizer e ouvir umas tolices.

04 dezembro 2013

Papa Francisco declara 2015 como o ano da Vida Consagrada


O Papa Francisco anunciou nesta sexta-feira, 29, que o ano de 2015 será dedicado à Vida Consagrada. O anúncio foi feito durante a 82ª Assembleia Geral da União dos Superiores Gerais (USG), que está sendo realizada em Roma.

Aos participantes, o Papa afirmou que a radicalidade é pedida a todos os cristãos, mas os religiosos são chamados a seguir o Senhor de uma forma especial. “Eles são homens e mulheres que podem acordar o mundo . A vida consagrada é uma profecia”.

O encontro ocorreu nesta manhã, na Sala Sínodo, no Vaticano. Em três horas de reunião, o Pontífice respondeu às perguntas dos superiores gerais e tratou de temas referentes a Nova Evangelização.

Interrogado sobre a situação das vocações, o Papa afirmou existir Igrejas jovens que estão dando muitos frutos, e isso deve levar a repensar a inculturação do carisma. “A Igreja deve perdir perdão e olhar com muita vergonha os insucessos apostólicos por causa dos mal-entendidos neste campo, como no caso de Matteo Ricci”.

O diálogo intercultural, segundo Francisco, deve introduzir no governo de institutos religiosos pessoas de várias culturas que expressam diferentes formas de viver o carisma.

Durante o diálogo, Francisco insistiu sobre a formação, que em sua opinião, deve ser baseada em quatro pilares: espiritual, intelectual, comunitária e apostólica. “É essencial evitar todas as formas de hipocrisia e clericalismo através de um diálogo franco e aberto sobre todos os aspectos da vida.

Francisco destacou também que a formação é uma obra artesanal e não um trabalho de políciamento. “O objetivo é formar religiosos que tenham um coração terno e não ácido como vinagre”, alertou.

Sobre a relação das Igrejas particulares com os religiosos, o Papa disse conhecer bem os problemas e conflitos. “Nós bispos, precisamos entender que as pessoas consagradas não são um material de ajuda, mas são carismas que enriquecem as dioceses”.

Ao falar sobre os desafios da missão dos consagrados, o Pontifice destacou que as prioridades permanecem as realidade de exclusão, a preferência pelos mais pobres. Destacou também a importância da evangelização no âmbito da educação, como nas escolas e universidades.

“Transmitir conhecimento, transmitir formas de fazer e transmitir valores. Através destes pilares se transmite a fé. O educador deve estar à altura das pessoas que educa, e interrogar-se sobre como anunciar Jesus Cristo à uma geração que está mudando”.

No final do encontro, Francisco agradeceu aos superiores gerais pelo “espírito de fé e serviço” à Igreja. “Obrigado pelo testemunho e também pelas humilhações pelas quais vocês passam”, concluiu o Papa.

06 outubro 2013

Carta aos Monges Cartuxos da Scala Coeli no dia do seu fundador


 


Irmãos e Amigos em Cristo com Maria nossa medianeira,

 é com os olhos postos no rosto de Cristo na Sua Paixão por nós que vos escrevo neste dia.

Olho para o Seu rosto em alguns locais de culto e noto que a primeira impressão que tomamos é de dor, sofrimento, amargura e submissão ao Pai. No entanto, olhando mais de perto, olhando nos Seus olhos, vejo isso tudo, mas também vejo um olhar profundo. Um olhar-Nos nos olhos com alegria e satisfação pela nossa redenção, mesmo por aqueles que não creem nele. Um olhar-Nos nos olhos esperando que O vejamos verdadeiramente e que os nosso olhos se abram para o Pai.

A sua boca entreaberta leva-nos a ouvir as suas “últimas palavras”, no entanto, também nos diz “- Vem e segue-Me!” ou “- Amai-vos uns aos outros, como Eu vos Amei!”

Neste dia especial para vós, tendo em conta que é o dia de São Bruno, fundador desse Oásis no deserto em que vivemos, também é particularmente especial para mim e demais irmãos leigos, que não estando entre vós, tentam (mediocremente admito, a titulo pessoal) segui-lO como vós o seguem.

É com os olhos postos no rosto de Cristo que creio em Deus, mesmo quando as dúvidas pairam sobre a minha mente, porque sinto que a minha alma está em Deus, porque Maria Sua e nossa Mãe está permanentemente com a sua mão sobre o meu ombro, transmitido confiança, fé e esperança, ainda que muitas vezes (mais do que as que queria e devia)... esqueço-me dela.

Deus vos continue a abençoar…como SEMPRE e para SEMPRE,

03 outubro 2013

Um pensamento que andou a ruminar alguns dias na minha mente

 
 
 

“Aqueles que se retiram para uma vida inteiramente consagrada à oração e contemplação do Senhor, são como as linhas de um bom fato ou de um belo vestido. Não se veem nem se sentem, no entanto, sem elas, um bom fato ou um belo vestido, não passava de um mero tecido.”

Paulo Roldão

3-out-13


11 setembro 2013

Maria




Mesmo que estejamos numa aparente escuridão, tens sempre a tua mão estendida para nós, para nos ajudares a ver novamente a Luz que brota do teu filho.

31 julho 2013

A caixa dos Brinquedos

Acontece, por vezes, que, à medida que os filhos crescem, desaparece das famílias a caixa dos brinquedos. As casas tornam-se (um pouco) mais ordenadas, aderem a uma rotina perfeita que durante anos não tiveram, numa respeitabilidade estável segura de si. Principia-se então uma estação de tréguas, sem as surpresas que desesperavam: a chuva de peças órfãs dos seus jogos, os bonecos a ressurgirem onde absolutamente não deviam, o inofensivo módulo encontrado pelo canalizador como única explicação para a monumental avaria. Primeiro respira-se de alívio, portanto. Mas depois, estranhamente, nem tanto. Pois há uma hora em que se percebe a falta que nos faz a caixa dos brinquedos. É nessa caixa que se encontram os símbolos, as brincadeiras; os risos distendidos, as férias em família, os aniversários, os jogos intermináveis à volta da mesa com velhos e novos contagiados pelo mesmo entusiasmo, a contemplação carinhosa sem nenhuma finalidade. É nessa caixa que estão as histórias disparatadas e sábias que contamos pela vida fora. Aí se conservam os odores, os registos, as palavras de uma canção que cantamos muitas vezes e depois esquecemos, a primeira bicicleta, os livros que nos ofereceram quando ainda não sabíamos ler, os cromos, o silêncio da intimidade, a viagem à aldeia, as conversas à janela voltados para a noite. Nessa caixa está a arte de fazer tempo, de perdê-lo para que se torne mais nosso, permitindo a imaginação, o sentido lúdico, a alegria A caixa dos brinquedos não serve para nada, e por isso dá-nos razões para viver. Lembro-me de um texto do teólogo Romano Guardini, intitulado "O espírito da liturgia", certamente um dos livros que mais me marcou. Repito sempre com gosto a sua tese: «Brincar diante de Deus, não criar, mas ser uma obra de arte, tal é a essência mais íntima da liturgia. A liturgia não pode ser compreendida senão por quem leva a sério a arte e o brinquedo». Se é assim com o cerimonial litúrgico, com maior razão deve ser com a vida quotidiana, com os seus tráficos e o seu labor. Temos de levar a sério a nossa caixa dos brinquedos. Não nos damos conta do empobrecimento que representa, mas muitos dos conflitos dolorosos que transportamos mais tarde, vida fora, tem aí a sua origem. Lembro-me de uma história que uma querida amiga me contou. O seu pai era juiz em Itália um homem severo e absorto, sem tempo a desperdiçar, sem grande vontade de levantar os olhos do seu importante mundo, ainda menos para escutar as minudências porque passavam os miúdos. Ela cresceu, formou-se e, durante os primeiros anos, chegou a trabalhar como secretária do pai. Essa proximidade em nada alterou o quadro que conhecia: continuavam dois estranhos, com uma relação puramente formal e um mundo submerso de coisas por dizer. Ela conta que um dia fizeram uma viagem de trabalho a uma das ilhas gregas. Foram de barco, e podemos imaginar os longos tempos de travessia. De madrugada, porém, sobressaltada, ela percebe que o pai está no seu camarote, a acordá-la. Fixa-o sem perceber bem o que se está a passar. E ele diz-lhe: «Vem ver o sol que está a nascer. É enorme, enorme. Vem depressa Vais gostar. Vem.» Muitos anos depois, o pai já tinha morrido, esta história tinha-se passado há décadas, a minha amiga confiava-me: «Se ele tivesse feito pelo menos mais uma coisa destas, pelo menos mais uma, eu ter-lhe-ia perdoado tudo.» A caixa dos brinquedos de cada um de nós deveria ser declarada património imaterial da humanidade. José Tolentino Mendonça In Expresso, 27.7.2013 30.07.13

18 julho 2013

Que faço eu aqui?


Por vezes dou-me a perguntar a mim mesmo “- Que faço eu aqui?”

Não que me sinta desagradecido por Deus ou que não sinta a Sua presença, no entanto, tantas vezes que me sinto impotente e os argumentos que utilizo para que as pessoas percebam que apenas quero o bem delas e aquilo que lhe digo não é para o seu mal, são levados como algo negativo, como o não querer que…

Não sou dono da verdade…só Ele, no entanto, na minha vida fui obrigado a crescer prematuramente e com esse crescimento tive que separar o trigo do joio. Não o fiz sozinho, tive a ajuda da minha mãe de coração e de Deus, sem dúvida alguma, e hoje…quando tento passar esse conhecimento, tantas vezes que é rejeitado e isso magoa-me por vir das pessoas que menos esperava, de pessoas muito chegadas.

Falo mas não me ouvem. Pergunto mas não me respondem. O silêncio por vezes é uma tentação, para não ter que falar apenas às estrelas.

- Que faço eu aqui? Estou apenas de passagem mas por vezes parece-me já longa demais.

09 julho 2013

O pequeno conto da fábrica de Terços

Há entre o céu e a terra, uma usina, onde anjos produzem terços em cadeia, sob o ritmo das orações do Pai Nosso e da Ave Maria, e tudo sob a benevolente direção do Arcanjo Gabriel. Ao término da confecção dos terços, estes são apresentados à Virgem Maria, que lhes atribui uma intenção, antes de serem enviados por toda a terra através de multidões de anjos, encarregados da postagem: os terços elaborados são terços de emergência. Semelhante a um tercinho comum, o terço celeste, qualificado como “de urgência” não difere daqueles que são fabricados aqui na terra, em relação à aparência; difere, sim, devido ao seu poder celestial de incentivo à oração. Assim, por todo o planeta, a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer lugar, em casa, na Igreja, no trabalho, na rua, nas profundezas de um campo enlameado, uma pessoa, à vista desse objeto familiar ou incongruente sentir-se-á quase que irresistivelmente impelida a orar intensamente, mas sem intenção específica, a não ser a que nos liga à Virgem Maria. Basta que, neste instante preciso, esta pessoa aceite fazer uma pausa na própria vida, dedicando um momento seu a esta oração, em benefício, por exemplo, de uma alma desconhecida, que esteja necessitando urgentemente de socorro, para que, imediatamente, seja acionada uma extensa operação de resgate celestial. É neste momento que ocorre a agitação entre os anjos socorristas, agitação que coordena, acompanha e antecede a Jesus. Pois, desde que Deus, o Pai, após ter criado o universo, decretou que nada mais aconteceria sem o homem, para que o céu intervenha, ele depende da boa vontade humana. Bem sabe disso o arcanjo Gabriel, que teve a honra e a missão de requerer a mais importante dessas autorizações junto à Virgem Maria, para que o próprio Filho de Deus pudesse intervir para salvar toda a humanidade. Autor Desconhecido Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois Vós entre as mulheres, bendito é o fruto de Vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.

05 junho 2013

Um olhar ignorante



"O conhecimento mais divino e Deus é aquele que se dá através da ignorância"

(A Nuvem da ignorância, cap. 70, pág.96)

02 junho 2013

Gotas de orvalho

 
 
 
 
 
As gotas de orvalho matinais na obra criada por Deus são fascinantes. Ali, quase a caírem na terra para sustento da vida, mas ao mesmo tempo permanecendo por alguns intermináveis segundos num arredondado perfeito e girando como este mundo por Ele criado.
Por vezes procuramos incessantemente enormes obras divinas e de fácil observação, quando as mais pequenas mas também mais obvias estão aqui mesmo ao nosso lado, seja no nosso pequeno jardim ou num vaso de tamanho diminuto.
A natureza fascina-me pela simplicidade e humildade que nos demonstra todos os dias, se a olharmos com o olhar de uma criança. Se conseguirmos ter um olhar assim, vereemo-lO todas as manhãs e saberemos ao longo do dia que Ele está connosco, como SEMPRE.

30 maio 2013

Um olhar humano de Deus




Ele entregou-Se para remissão dos nossos pecados, mas o seu olhar, perto do derradeiro momento era profundamente humano, tão humano como qualquer um de nós, e nesse olhar mostrava-nos, não o olhar triste que nos parece há primeira vista mas sim, mostra-nos que apesar de tudo o que fez e disse, a maioria dos Homens de então, assim como os de hoje, ainda não O compreenderam verdadeiramente. Se tentarmos compreende-lO veremos no seu olhar, não essa aparente tristeza, mas sim o olhar de Deus que se fez homem, o olhar do Pai misericordioso para todos nós, seus filhos.

03 maio 2013

A Morte de São José



José morre... Ninguém disse como foi a sua morte...

Ele chegou silenciosamente; lutava sem glória;
ator silencioso de uma sublime história,
um dia, desapareceu, para nunca mais voltar.

Nós o vimos passar, no fundo da cena,
o Menino Deus, em seus passos, a Virgem perto dele;
ele aplainou, aperfeiçoou o dia;
e os anjos, à noite
informavam-lhe sobre as conspirações do ódio.

À partida de Jesus, seu papel terminava;
e então, sobre ele, o Evangelho silenciava.
Uma noite, ele teve de deixar sua plaina inútil
e, acamado, tinha Maria à cabeceira.

A noite descia, semelhante àquela noite distante,
quando o Anjo do Senhor veio despertá-lo para fugir...
O Anjo retornou, naquela noite, para ajudá-lo a morrer;
e José ouviu sua voz doce e serena.

O anjo dizia: “José, filho de Davi, sou eu,
novamente. Descanse em paz, porque o Menino e sua Mãe
nesta terra, não mais terão perigos a temer.
A partir de agora, eles poderão viver e morrer sem você.”
Mas José relutava em aceitar este adormecer.
Sem dúvida esperava por alguém que gostaria de rever,
pois tentava ouvir os rumores da estrada
e em seus olhos brilhava um vislumbre de esperança.

De repente, ele se levanta... Leves passos rompem o silêncio;
a porta da casa se abre sobre a noite
e Jesus, cruzando o limiar de sua infância,
se precipita até o leito do pai e se inclina sobre ele.

Quanto deve ter caminhado para chegar! A poeira
cobre seus pés nus e sublinha seus traços;
mas de seus olhos claros a luz emana
e dessa luz, os olhos de José se enchem para sempre ...

Maria sussurra: "És tu, meu Filho! "E o Anjo
se prostrou por terra. Jesus se inclina sobre o modesto leito,
abraça o pai; nenhuma palavra é trocada ente os dois.
Jesus entrega à morte seu primeiríssimo combate!

E na sombra, a morte, indefesa, se detém...
Mas o velho operário não esperava, que, assim, tão tarde, seu Filho lhe desse um coração jovem e forte: ele observa
o rosto divino e morre neste olhar.

Ah! Bem-aventurado aquele que, alma confiante,
após ter rezado, sofrido e trabalhado,
tenha, numa noite, se estendido de fadiga e de prolongada e espera
e depois, ao receber um beijo divino, tenha partido!...


Georges D'Aurac

03 abril 2013

A verdadeira Luz (3ª parte de 3)



Depois da morte veio a certeza da vida eterna na ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, o fogo novo que se acendeu nos nossos corações, a Luz nova que nos indica permanentemente o caminho para Deus, basta segui-lO.

Jesus naquele tempo disse “Eu sou a Luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a Luz da vida.”* Ontem como hoje, Ele repete-nos incessantemente essas palavras.

Não mais haverá noite, nem terão necessidade da luz da lâmpada, nem da luz do Sol, porque o Senhor Deus irradiará sobre eles a sua luz e serão reis pelos séculos dos séculos**. Como será bom um dia sentir a Luz de Deus irradiada sobre nós pelos séculos dos séculos.

Sintamos nas nossas almas o fogo novo de Cristo, a Luz nova que nos ilumina o caminho para Deus, basta segui-lO.



*João 8,12

**Apocalipse 22,5




Um livro


17 março 2013

Pensamento para estes dias que se avizinham

"Muito frequentemente me sinto como um pequeno lapis nas Mãos de Deus. Ele escreve, Ele pensa, Ele faz os movimentos. Eu só tenho que ser o lapis."
 
Discurso de Madre Teresa, Roma, 7 de março de 1979

26 fevereiro 2013

O Monge que queria ver Nossa Senhora

Um dia, prostrado diante da imagem abençoada de Nossa Senhora, um jovem clérigo disse a Maria, que tudo o que ele desejava na vida era vê-la, não mais como uma estátua imperfeita de pedra ou de madeira, mas como ela era na realidade:

– Meu filho, respondeu-lhe a imagem, eu não anuncio a ninguém a hora da sua morte, pois seus dias não me pertencem: eles pertencem a Meu Filho. Mas se você insiste tanto em me ver, saiba que ninguém no mundo obteve este favor, sem que logo depois tenha perdido a vida.

– Ah! Gritou o clérigo no auge da felicidade, em troca de tal presente, quem não consentiria em perder a luz de seus olhos!
Mas, como alguém que crê estar perdido nas profundezas do firmamento ainda está preso às coisas da terra por um vínculo, por mais frágil e fino que seja, enquanto proferia estas palavras com entusiasmo, nosso clérigo, que não estava tão desapegado do mundo como pensava, com uma das mãos cobriu um dos olhos, e com o olho que ficara aberto, observou. O que ele viu, então, não existem palavras para contar. A Rainha da Glória apareceu para ele, em seu manto de belas noites, semeado de planetas e estrelas, no meio da sua Corte Celeste e de seus Anjos músicos. Mas a visão durou apenas o tempo de um relâmpago, deixando o jovem monge deslumbrado e mais infeliz do que antes, pois, pelo fato de ter visto Nossa Senhora uma vez, mais sequioso em revê-la ficou.

Felizmente, ele pôde contar com o olho que fora preservado, sob a sua mão:

– Rainha da Beleza, gritou o monge, que eu perca meu segundo olho, mas que eu a veja pela segunda vez!

– Olha para mim agora, novamente, se a minha presença lhe é tão deleitável, respondeu a imagem.

E o que ele viu, com o olho saudável, foi uma pobre mulher, exatamente como a que vemos pelas estradas, e que tinha no rosto tanta dor e tanta tristeza que as palavras não conseguem definir. Em seguida, a visão desapareceu mais uma vez, deixando o clérigo completamente cego, mergulhado nas trevas mais profundas.

– Rainha da Misericórdia, disse ele então, perdoe-me por lhe ter enganado, tapando um dos meus olhos, mas assim pude vê-la, mais bela ainda, se isto é possível, tanto na sua humildade quanto no seu esplendor!
A imagem, então, respondeu:

– Seja perdoado, bom e doce amigo, pelo seu ardil inocente. E por me ter tanto amado, retome o que eu lhe tinha tomado.


Jérôme e Jean Tharaud

Contos da Virgem

Plon, 1940.

(retirado de um minuto com Maria de hoje)





31 janeiro 2013

"...assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido"



Lendo assim, à primeira vista cria-nos a impressão que Deus apenas perdoaria as nossas ofensas na medida em que perdoamos a quem nos tem ofendido, no entanto, não sendo esta uma sociedade de homens e mulheres perfeitos, isto é, sem erros ou faltas, essa é a nossa maneira de pensar e não a D`Ele. Por vezes parece-se que ainda agimos “olho por olho, dente por dente, ferida por ferida[1]. Seguramente não tem que ser esse o caminho de um cristão e não é esse o caminho que Ele nos indica. O caminho que devemos seguir deverá ser o do perdão e devemos ter a coragem de saber perdoar.
São Mateus, varias vezes no seu evangelho, recorda-nos a relação que existe entre o perdão que Deus nos oferece gratuitamente e o perdão que devemos oferecer aos irmãos sem contrapartidas.
Na minha maneira de pensar (sujeito a falhas) sinto que é mais corajoso aquele que perdoa do que aquele que se vinga, no entanto, inúmeras vezes somos levados a pensar que perdoar alguém é um gesto de cobardia e recusamos o perdão aos nossos irmãos.
Recusamos o perdão aos irmãos mas queremos que Ele nos perdoe. Recusamos a misericórdia mas queremos que Deus tenha misericórdia de nós.
Deus mostra-nos que o Seu coração não tem fim e que nos perdoa sempre. Não existe nenhuma falta que o amor de Deus não nos perdoe, no entanto, queremos ser perdoados mas não queremos perdoar.
Se não somos capazes de perdoar os irmãos é porque, pouco ou nada sabemos da misericórdia D`Ele e ainda não vivenciamos totalmente o perdão de Deus, “perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido
Termino com uma passagem bíblica, a qual deveríamos pensar nela frequentemente:
Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhe perdoou.”[2]



[1] EX 21,24
[2] Carta aos Colossenses 3-13

28 janeiro 2013

Natureza


A Deus nada é impossivel, até das pedras a natureza germinará quando Ele nos quer transmitir alguam coisa para a nossa salvação.

06 janeiro 2013

A Verdadeira Luz (2ª parte de 3)


(1ª parte)

 
Neste dia em que as Sagradas escrituras nos revelam que os reis magos foram adorar o Deus menino e oferecer-Lhe os seus presentes, não nos esqueçamos que a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando ao lugar onde estava o menino, parou[1], era a verdadeira estrela, e não aquela estrela que a maioria de nós poe no cimo da árvore de Natal, ainda que esta, em termos simbólicos, de certa forma represente a estrela que lá no Alto indicava-lhes o caminho.
Eles eram reis mas naquele momento prostraram-se diante do Único e Verdadeiro Rei que é Cristo e abrindo os seus cofres ofereceram-Lhe os presentes, ouro, incenso e mirra[2] sendo que estes presentes e em termos interpretativos, naquele tempo o ouro era oferecido aos reis, o incesso aos sacerdotes e a mirra aos profetas. Cristo representava, representa e continuará sempre a representar essas três ofertas. Nós todos também, como filhos de Deus, somos convidados a ser reis, sacerdotes e profetas.
Neste dia em que as Sagradas escrituras nos revelam que os reis magos foram adorar o Deus menino e oferecer-Lhe os seus presentes, não nos esqueçamos também, mais que os presentes habituais oferecidos nesta altura ou na noite de Natal, consoante as tradições ou a região, sintamos a imensa alegria que os reis magos sentiram[3], ao contemplarmos a Verdadeira Luz emanada pela Verdadeira Estrela que é Jesus, e não aquela luz artificial, por vezes colorida com que embrulhamos muitas vezes a árvore de Natal ou aquela estrela que no cimo da mesma colocamos.


[1] Mt 2-9
[2] Mt 2- 11
[3] Mt 2-10