17 janeiro 2012

Eu, pecador me confesso! (Inúmeras vezes como cristão farisaico)



«Eu creio! Ajuda a minha pouca fé!»

Por vezes sentimos a necessidade de, por palavras semelhantes, recitar esta oração, qual pai à beira do filho doente. A fé que tanto cremos e apregoamos imensas vezes (talvez em demasia) é tremendamente leve e suave que, uma ligeira brisa é o suficiente para a levar para longe, como se fosse uma folha ou uma pena.
Quantos de nós, que batemos fortemente no peito “Por minha culpa, minha tão grande culpa (…) e a vós irmãos que rogueis por mim a Deus nosso senhor” e no entanto, nunca rogamos pelos nossos irmãos, mas ansiamos que eles roguem por nós?

Inúmeras são as vezes que os sacerdotes falam dos fariseus relatados na bíblia e nós, olhamos para o lado, como cristãos íntegros e puros, no entanto, se a nossa santidade não for maior que a dos escribas e fariseus, não entraremos no reino dos céus. Quando Cristo disse isto, possivelmente temia pela degradação das almas dos seus apóstolos, religiosas certamente mas eventualmente doentes na fé. Estas almas religiosas mas doentes na fé são a principal característica do fariseu. Hoje, muitos homens têm uma espécie de fé sem religião, mas ao mesmo tempo, entre nós cristãos, encontramos com frequência, uma religião sem fé. É por isso que o cristão fariseu não compreende que a santidade exija o penetrar nas camadas mais profundas da vida de oração, sem se ficar no limiar dela, satisfeito com meia dúzia de orações mais ou menos bem alinhadas, somente eficazes em momentos de urgência.

Por vezes, durante esta passagem não passamos disso, por vezes a nossa pureza aparente consegue ser suplantada pela nossa sujidade real, seja através de pensamentos e palavras, atos e omissões mas, por nossa culpa, nossa tão grande culpa.
Eu, pecador me confesso!

Então qual é a definição de fariseu?

Segundo a Enciclopédia Católica Popular, os fariseus foram uma “Seita religiosa surgida no Judaísmo por volta do séc. II a.C., constituída por leigos versados nas Escrituras e na Lei de Moisés, interpretando-as à letra e impondo o seu rigoroso cumprimento.(…) O orgulho, a hipocrisia e a estreiteza de vistas dos fariseus mereceram as censuras de J. C. e levaram-nos a exigir de Pilatos que O crucificasse. (…) No entanto, houve fariseus amigos de J. C., entre os quais Nicodemos, Gamaliel e, depois de convertido, S. Paulo.”

Desta explicação retenho “O orgulho, a hipocrisia e a estreiteza de vistas”. Tantas vezes que agimos assim, e no nosso íntimo, muitas vezes conseguimos ouvi-Lo censurar-nos e outras tantas, interpretamos à letra as Escrituras, quando a sua interpretação deve ser feita de outras maneiras, menos à letra.

Tudo isto leva-me a pensar na parábola do fariseu e o cobrador de impostos que se encontravam no templo , onde o primeiro, estando de pé dava graças por não ser como os demais homens, em particular ao publicano que ali também se encontrava, e o segundo, sem levantar os olhos e batendo no peito, assumia que era pecador.
Quantas vezes não somos o primeiro e quantas vezes seremos realmente o segundo?
Eu, pecador me confesso!

Sem querer ser mais que os outros (muito pelo contrário), por vezes sinto-me como Zaqueu, procuro ver Jesus mas não consigo por causa da multidão à minha volta. Não a multidão mencionada na passagem bíblica, mas sim a multidão de tudo aquilo que há nossa volta nos distrai do essencial e nos abafa do principal. A minha estatura também é pequena, não a física, mas sim as minhas limitações pessoais. Olhando deste ponto de vista, a minha estatura seguramente é mais pequena ainda porque, ele procurava ver Jesus, ao ponto de ter subido a uma árvore, quanto a mim, algumas vezes deixo-me ficar no meio da multidão. Todos nós ansiamos que Ele entre nas nossas casas e nos diga: «Hoje veio a salvação a esta casa, por este ser também filho de Abraão; pois, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido» . Todos nós queremos ser salvos mas, quantos de nós realmente queremos que Ele entre em nossas casas?
Eu, pecador me confesso!

Com a minha humildade possível gostaria de, ao menos ser o pobre citado em “Um minuto com Maria” , que estava a rezar, consciente da sua pobreza. Dizia ele a Deus: "eu não sou digno de entrar no teu Reino, mas, por tua Misericórdia, sei que tu não podes fechar-me a porta. Eu só te peço o último lugar na tua casa", ao qual Jesus respondeu-lhe: "concedo-te o último lugar. Assim, tu estarás ao lado de Minha Mãe".

«Eu creio! Ajuda a minha pouca fé!»