28 setembro 2010

Um pensamento que me ocorreu

A maioria de nós apelida-se de Cristãos e está correcto, mas quantos de nós, no meio de resmas de livros lidos sobre o Cristianismo e as Sagradas Escrituras, já leu a nascente dessa água viva que dá pelo nome de Bíblia Sagrada?

17 setembro 2010

Deserto

Vagueio pelo deserto mais árido e seco que conheci até agora.

Tento a todo o custo e com as minhas forças imaginar-me ao Teu colo nesta areia mas, o conjunto de pegadas que vejo, sinto que são só as minhas.

Já estive em outros desertos mais aconchegantes e menos inóspitos.

Vou parar um pouco, reflectir, meditar e orar, porque mesmo que a minha reflexão seja frouxa, a minha meditação seja cheia de ruídos e a minha oração esvaziada de conteúdo, penso (sonho) que terá algum valor e, pouco que seja a Deus, deverá ser mais do que deixar-me afundar nestas areias que, não sendo movediças, são tão finas que, passo a passo que dê, vou-me “afundando”.


09 setembro 2010

Um pensamento para este dia



"Para alguém que tenha fé, nenhuma explicação é necessária. Para aquele sem fé, nenhuma explicação é possível."



São Tomás de Aquino

08 setembro 2010

Carta a uma filha de Maria de Nazaré


Deus escreve direito por linhas tortas” diz o povo desde longa data e com muita razão, aliás, salvo melhor opinião, todos os ditados criados e ainda hoje em uso, têm um fundamento lógico e com nexo, e não foram criados ao acaso ou numa altura em que o seu criador estava inspirado.
Esta pequena introdução irmã, vem na sequência do artigo anterior (homem de Deus). Estava eu a ver os meus emails quando reparei que tinha um de ti. Abri, como costume, e li com calma e ponderação aquilo que me dizias.
Assim, a dada altura, dizes-me que desde há algum tempo apelidaste-me de “homem de oração” e que o mesmo é um nadinha mais que o anterior, ou seja, que para ser um “homem de oração” tem que primeiramente ser um “homem de Deus”.
Realmente foi uma afirmação arrebatadora, bombástica até mas, ao contrário da do outro artigo, esta não mexeu comigo da mesma maneira. Aparentemente, nada senti, senão a constatação da afirmação que, a meu ver, tem lógica e fundamento. Na verdade, para sermos homens de Oração, temos que ser antes de tudo mais, homens de Deus.
Como disse, aparentemente nada senti, no entanto, foi nessa aparente falta de alguma sensação que arrebatasse o meu coração, que fiquei a pensar estes dias.
Hoje e após alguma meditação/introspecção constatei que esta tua afirmação é que uma fiel devota de Maria, já que foi na tua simplicidade e humildade que me chamaste tal coisa. Só alguém que segue-O ao lado de Maria diria, tal como todas as suas aparições ao longo dos tempos em que apenas pede que Orem. Só mesmo quem tem convicção e fé na oração, dar-me-ia um apelido tão simples e belo mas, em simultâneo, tão poderoso como a oração o é, tão simples como Maria o foi ao anjo Gabriel e tão silencioso mas fecundo como a oração deve ser.
Eu, minha irmã, sem querer ser repetitivo, sou um pecador ainda a caminho de ser homem de Deus. Oro, é certo e é na Oração que me identifico com Deus, mais do que na acção, no entanto, tantas são as vezes que oro sem saber orar. Inúmeras são as vezes que conto as contas do terço mas o meu pensamento está longe d`Ele. Imensas são as vezes que nem o Coroa de Nossa Senhora rezo e quando rezo, nem sempre sinto-me convicto nas palavras que me banham a mente. Converso muitas vezes com ela, como de filho para mãe mas, será isso orar? Sinto-me amparado por ela porque, quando lhe peço algo, raras são as vezes que a sua intercepção não é atendida e, se não é, é porque Nosso Senhor deve achar que não é chegada a altura de atender a tal pedido mas, com tantas falhas na minha “vocação” de oração, serei um homem de Oração?
Tens razão quando dizes que pensavas que no outro blog iria continuar a escrever orações como a 1ª oração e “desiludi-te”, porque tem sido muito amiúde os meus escritos por lá.
Agora, após estas toscas palavras, sinto que, aparentemente quase nada senti, no entanto, sem querer com o que vou dizer a seguir, vangloriar-me ou algo assim pecaminoso, sinto que é assim que os filhos da Virgem Maria devem ser, isto é, na humildade humanamente possível, não se ficaram pelos elogios, não se sentirem num “altar” quando são ditas coisas positivas a seu respeito, ainda que com alguma verdade inserida.
Se calhar, mesmo nas orações ditas e não sentidas, Nossa Senhora soube aproveitar uma mera vogal ou uma simples consoante e tornou-a perante Deus uma oração digna d`Ele e, com esta aparente falta de sensação, ela voltou a colocar-me no caminho certo em direcção a Deus, no caminho da humildade, sinceridade e seguindo Cristo como ela segui-O, sem me sentir mais que os outros, aliás, tendo como lema próprio “um irmão como os demais”, a sensação de euforia que senti no anterior artigo, ainda que possa ter sido, em parte, uma Graça, um mimo para um homem de Deus, também se calhar fiquei um pouco presunçoso de mais e com essa atitude pequei.
Como disse no inicio “Deus escreve direito por linhas tortas” e com este comentário que me fizeste, Maria, através das tuas palavras fez-me descer do “altar” em que me sentia e voltei a ser apenas e tão só uma tentativa de homem de oração, como aqueles que, no silêncio das suas clausuras, separados de todos, oram por eles, sem que muitos “deles” o saibam ou sonhem.

06 setembro 2010

"homem de Deus"


Há dias atrás, num blog que visito regularmente e num contexto que seria demasiado explicar aqui, o seu autor apelidou-me de “homem de Deus”.
Confesso que por uma breve fracção de segundo, senti um calor abrasador na minha pequena alma, com esta afirmação minimalista e breve mas, ao mesmo tempo, de uma enorme grandeza inexplicável. Depois, veio ao de cima a parte humana de mim, a parte em que senti-me inchado, importante e quase como sendo alguém muito próximo do Altíssimo. De seguida, pedi-Lhe perdão, quase que inconscientemente, por ter tido esses pensamentos normais para o homem mas, tentações para quem é crente, para quem tenta diariamente seguir Cristo por intercessão da Sua Mãe Maria Santíssima. Para quem se diz ser, apenas e tão só Cristão como os demais.
Há noite, não sei se por obra e graça do Espírito Santo (como dizemos na gíria e algumas vezes em jeito de gozo) novamente essa expressão batia incessantemente na minha mente “homem de Deus” como se quisesse dizer algo mais do que apenas isso. É certo que, em termos religiosos, já me deram muitos apelidos, uns bons e outros menos bons, mas todos eles com um impacto na alma muito menor que este. Este realmente mexeu muito comigo porque, nesta pequena afirmação, este irmão em Cristo conseguiu, sem saber ou tão pouco imaginar, agregar todos os outros apelidos num só.
Aos poucos fui ruminando-a para ver se conseguia extrair alguma seiva, alguma gota de orvalho ou algumas proteínas necessárias para a minha alma, mas acabei por adormecer antes que se fizesse luz, antes que retirasse algum ensinamento.
Agora, e enquanto vou passando para esta folha de papel inexistente, com esta tinta virtual, aos poucos vou sentido, não só o peso mas, principalmente, a responsabilidade de tal apelido. Sim, porque apesar de ser membro efectivo da A.P.A. (Associação de Pecadores Anónimos) na qual, comprometi-me que, todos os dias da minha vida, tentaria não pecar, tentaria segui-Lo com todas as minhas forças, todos nós Cristãos, membros do A.P.A. ou não, somos co-responsáveis com aqueles e aquelas que se entregaram a Deus de alma e coração. Apesar de leigos, somos as pedras vivas da Igreja e assim sendo, também temos responsabilidades perante Deus, também temos deveres perante os nossos irmãos e não, como alguns possam pensar, que só temos direitos, e os deveres, esses são para os sacerdotes e afins.
Sermos “homens de Deus”, para além de toda a enormidade inserida, para além de toda a carga emocional e teológica inserida, é agirmos como tal, é sermos sacerdotes, profetas e reis aqui e agora e não amanhã… se calhar. É usarmos dos meios disponíveis neste tempo, para passarmos a “boa nova” a quem está um pouco debilitado na fé mas, principalmente, a quem não tem fé ou a perdeu. É também darmos a mão a que está estendido, o ombro a quem precisa de apoio, uma palavra amiga a quem precisa de auto-estima ou apenas ouvir quem precisa falar, entre muitas outras acções.
Termino confessando a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos, que nem sempre sou o Cristão que devia ser, que muitas vezes peco com todos os poros do meu corpo e não “… muitas vezes por pensamentos, palavras, actos e omissões”, mas é “por minha culpa, minha tão grande culpa” porque diariamente “peço à Virgem Maria, aos Anjos e Santos e a vós irmãos, que roguem por mim a Deus nosso Senhor” e sabendo que intercedem, esta minha pequena alma sofre, quando caio em tentação.
homem de Deus”… tão perto e tão longe que me encontro desse estatuto mas, foram gotas de água pura na minha alma, muitas vezes impura. Que Nossa Senhora interceda a Deus Nosso Senhor por este irmão, “fruta que cairá quando estiver madura” como me explicou um irmão romeiro, sacerdote por sinal.

02 setembro 2010

“Padres de púlpito precisam-se!”


Quase todas as igrejas possuem um púlpito, local onde os padres antigamente proferiam as leituras da Sagrada Escritura e respectivo sermão. Hoje, na sua grande maioria, são apenas e tão-somente um adorno da igreja, algo que quase parece mais uma varanda com vista para a igreja ou, em cerimónias como casamentos e baptizados, para quem foi contratado para filma-las e/ou fotografá-las. Hoje em dia, as leituras e respectivo sermão são proferidos ao mesmo nível do que os fieis, ao contrário de outros tempos, em que os referidos fieis tinham que olhar para cima.

Independentemente de pontos de vista teológicos ou de directivas da Santa Sé, não quero dizer com esta pequena introdução (quiçá controversa), que pense que os padres devam voltar a usar o púlpito, fisicamente falando. É certo que ainda existem alguns que não deixam acumular pó ou teias de aranha no referido local mas, quando digo que “Padres de púlpito precisam-se!” refiro-me a padres que o são na verdade da palavra, contra tudo e todos, em nome da fé que professam, ou seja, que não se deixam amordaçar pelo poder económico ou político. Que não entram em cantigas, como por exemplo “o socialmente correcto”. Jesus Cristo, naquele tempo também em nome de Deus, não foi nas cantigas de então. Que não caem na tentação do marasmo que se vê em algumas igrejas por este país dentro, principalmente nas missas dominicais, onde as leituras são monocórdicas, e infelizmente, como se isso já não fosse bastante, as explicações da Sagrada Escritura ficam há quem das expectativas da maioria dos fieis, como se o padre não tivesse tido tempo durante a semana para se preparar convenientemente ou como se os fieis não fossem perceber.

A propósito “das expectativas da maioria dos fiéis” há tempos atrás, numa procissão de freguesia, e na sequência de um comentário sobre devoção/obrigação um padre dizia para um outro:

- Não sei o que é que este povo de Deus pretende de nós!”

Bem, na sequência do já acima escrito, o que o povo de Deus possivelmente pretende dos padres de hoje, é que, espanejam as missas, tirem as teias de aranhas dos bancos que não são usados e, por amor de Deus, para além de uma preparação conveniente, principalmente para as missas dominicais, não tenham medo em explicar a Sagrada Escritura à luz dos dias de hoje, ou seja, de um ponto de vista catequetico e profético. De um ponto de vista de sacerdote para fiel, onde não exista a critica pessoal e por vezes destrutiva, o recado a alguém que está na igreja ou pontos de vista pessoais “ofensivos” sobre “determinado(s) movimento(s) da igreja. Todos nós somos filhos de Deus e todos nós professamos a fé em Deus, seja como individuo e/ou inserido em algum movimento.

O que também o povo de Deus possivelmente pretende é que os padres sejam-no, não por obrigação, mas sim por devoção.

Costumo dizer (como possivelmente muitos outros fieis) que existem “padres que chamam-nos à igreja e outros que nos afastam”. Graças a Deus que ainda existem muitos padres que nos chamam à igreja, aqueles a que apelido de Padres do púlpito, no entanto, apesar de (ainda) muitos, começam a ser poucos para a messe que é grande.

Termino dizendo que, com este artigo de opinião pessoal, não estou a apontar o dedo ou a fazer uma crítica destrutiva a algum sacerdote em particular, muito pelo contrário, tento com este modesto artigo despertar o ardor dos nossos corações quando Ele nos fala durante a caminhada terrena e nos explica as escrituras, em especial aos padres, mas também a todos os fieis (começando por mim) que também por vezes, contribuem para a apatia geral nas missas.