"Já que deixamos o mundo para sempre a fim de assistir incessantemente ante a Divina Majestade, conscientes das exigências de nosso estado, sentimos horror por sair e percorrer lugares e cidades. Mas de nada serviria um rigor tão grande na clausura, se não tendêssemos por ela à pureza de coração à qual somente se promete a visão de Deus. Para consegui-la, requer-se uma grande abnegação, sobretudo da natural curiosidade que o homem sente por tudo o humano. Não devemos permitir que nosso espírito se derrame pelo mundo, andando à busca de notícias e rumores. Pelo contrário, nossa parte é permanecer ocultos no segredo do rosto do Senhor.
Quando é enviado um irmão a um lugar próximo, não aceita comida nem bebida de ninguém, nem alojamento, sem um mandato especial, ou obrigado por alguma necessidade inevitável e imprevista.
O Porteiro seja amável com todos, religiosamente educado, e abstenha-se por completo do muito falar; assim edificará aos leigos com o bom exemplo. Quando tenha que receber ou com mansidão despedir a alguém, faça-o com palavras atenciosas, mas muito breves. E o mesmo se manda praticar a quem faz suas vezes.
Recordemos assim mesmo que os leigos não esperam do cartuxo que lhes fale de vãos rumores ou de política; por isso, evitando todo tema profano ou frívolo, escrevamos sempre na presença de Deus, em Cristo.
O precioso carisma do celibato é um dom divino que libera nosso coração de maneira excepcional e nos impulsiona a cada um, cativado por Cristo a entregar-se totalmente por Ele. Esta graça não deixa lugar nem à estreiteza de coração nem ao egoísmo, senão que, em resposta ao amor inefável que Cristo nos manifestou, deve dilatar nosso amor de tal maneira que um convite irresistível inflame a alma a sacrificar-se sempre mais plenamente.
Seja, pois, o alma do monge, na solidão, como um lago tranqüilo, cujas águas brotam do fundo mais puro do Espírito; nenhum ruído vindo de fora as perturba e, como límpido espelho, só refletem a imagem de Cristo. "
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