"Quanta utilidade e gozo divino trazem consigo a solidão e o silêncio do deserto a quem os ama, só o sabe quem o experimentou. Mas esta melhor parte não a elegemos unicamente para nosso próprio proveito. Ao abraçar a vida oculta, não abandonamos à família humana, senão que, consagrando-nos exclusivamente a Deus, cumprimos uma missão na Igreja onde o visível está ordenado ao invisível, a ação à contemplação.
Se realmente estamos unidos a Deus, não nos encerramos em nós mesmos, senão que, pelo contrário, nossa mente se abre e nosso coração se dilata, de tal forma que possa abarcar ao universo inteiro e o mistério salvador de Cristo. Separados de todos unimonos a todos pára, em nome de todos, permanecer na presença do Deus vivo. Esta forma de vida que, quanto o permite a condição humana, orienta-se a Deus de forma direta e contínua, põe-nos num contato peculiar com a bem-aventurada Virgem Maria, à que costumamos chamar Mãe singular dos Cartuxos.
Tendendo por nossa Profissão unicamente àquele que é, damos depoimento ante um mundo demasiado implicado nas coisas terrenas, de que fora dele não há Deus. Nossa vida manifesta que os bens celestiais estão presentes já neste mundo preanuncia a ressurreição e antecipa de algum modo a renovação do mundo.
Finalmente, pela penitência participamos na obra de salvação de Cristo o qual isentou ao mundo escravo do pecado, especialmente com sua oração ao Pai e sacrificando-se a Si mesmo. Por isto, os que pretendemos viver este aspecto cristão da missão de Cristo, ainda que não nos dediquemos a nenhuma ação externa, no entanto exercitamos o apostolado de uma maneira preeminente.
Por tanto, para louvor de Deus, a cujo fim se fundou especialmente a eremítica Ordem cartusiana, entregados à quietude da cela e ao trabalho, ofereçamos-lhe um culto incessante para que, santificados na verdade, sejamos os verdadeiros adoradores que procura o Pai. "
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