"O Capítulo Geral, muito solícito de que nas Casas da Ordem reinem a caridade, a paz e uma fiel observância, estabeleceu que cada dois anos se enviem Visitadores a todas elas, com o fim de expressar-lhes a solicitação da Ordem por cada uma, e com os poderes necessários para solucionar qualquer dificuldade que possa apresentar-se.
A Comunidade, desejando que a Visita seja um momento favorável no que Deus comunica sua graça, receberá com espírito de fé aos Visitadores ou os Comissários, que gozam da autoridade do Capítulo Geral ou do Reverendo Pai. Cada monge se esforçará com toda vontade em ajudá-los ao cumprimento de seu cometido. Visitadores e monges farão tudo o possível por estabelecer uma relação de mútua confiança.
O primeiro dever dos Visitadores é acolher aos monges com fraterna caridade e escutá-los com sumo atendimento. Depois, se esforçam por ajudar a todos a dar ao Senhor e a seus irmãos o melhor de si mesmos.
Exerçam seu cargo, não como juízes, senão como irmãos a quem os tentados e afligidos possam abrir livremente sua alma, sem temor de ver divulgadas suas confidências. Em assunto de tanta importância não se precipitem, senão procedam com calma.
Cada um pode falar livremente com os Visitadores para expor-lhes o que requer de sua parte uma solução ou um conselho, já se trate de sua vida pessoal ou da Comunidade. Também poderão expor-lhes com espírito construtivo, quaisquer coisas que pareçam úteis ao bem comum.
Antes de falar de outro monge, recolhamos o coração ante Deus; porque tanto mais poderemos praticar a verdade na caridade, quanto com ânimo mais dócil respondamos ao Espírito Santo. O que boamente está em paz, de ninguém suspeita. Mais vale com freqüência guardar silêncio, que perder tempo falando de coisas que não se podem provar, ou de futilidades, ou ainda denunciando a quem já estão em caminho de corrigir-se.
Aos Visitadores corresponde não só dialogar com cada monge em particular senão também com a mesma Comunidade, como se faz na primeira e a última sessão da Visita.
A fim de que a Visita produza, com a ajuda do Senhor, frutos perduráveis, tentarão que a mesma Comunidade tome como coisa sua a própria renovação espiritual.
Os Visitadores se informarão da marcha da Comunidade e dos progressos realizados desde a última Visita, ou das dificuldades que tenham sobrevindo. Estimularão à Comunidade a perguntar-se sobre a fidelidade ao espírito e à letra da observância regular conforme se expõe nos Estatutos. Examinem também as contas da Casa, e vejam como se guarda a pobreza evangélica. Indicarão os remédios aos abusos que quiçá encontrem. A uma com os monges, e particularmente com o Prior, vejam atenciosamente com que disposições se ajudará à Comunidade para que sempre progrida na fidelidade a sua vocação.
Antes de dar por finda a Visita, escreverão os Visitadores na Carta as orientações que tenham dado e as decisões tomadas, e a redigirão em termos singelos e acomodados às pessoas Solícitos pela continuidade do progresso da Comunidade em seu caminho para Deus, recordarão, se é preciso, alguns pontos já assinalados na Carta da Visita precedente.
Será oportuno muitas vezes pôr antes ao corrente ao Prior das medidas que pensam tomar, e escutar suas observações. Convém, efetivamente, que os Visitadores conheçam as intenções pastorais do Prior para guiar a seus monges, a fim de apoiá-las com eficácia.
Antes de tomar uma decisão com respeito a algum, ou de fazer alguma correção, os Visitadores tentem escutá-lo. Se julgam útil fazer observações a um monge, se o explicarão de palavra e de maneira que compreenda bem sua intenção. Finalmente, não se marchem da Casa sem antes segurar-se de que a Comunidade entendeu bem as intenções e prescrições da Carta.
Como o aproveitamento das Casas depende muito da eficácia das Visitas os Visitadores procedam em seu ofício com solicitação e entrega, sem contentar-se nunca com o cumprimento meramente formal e exterior. Pensando unicamente no bem das almas, não poupem tempo nem esforços para que sua Visita aumente nos corações a paz e o amor de Cristo. "
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