"Cristo sofreu por nós, dando-nos exemplo para que sigamos suas impressões. O que praticamos já aceitando as penalidades e angústias desta vida, já abraçando a pobreza com a liberdade de filhos de Deus e renunciando à própria vontade. Também, segundo a tradição monástica, corresponde-nos seguir a Cristo quando jejua no deserto, castigando nosso corpo e reduzindo-o a servidão, para que nossa alma brilhe com o desejo de Deus.
Os monges do claustro fazem uma abstinência semanal, geralmente a sexta-feira. Esse dia se contentam com pão e água. Em certos tempos e dias fazem jejum de Ordem, no que têm uma só comida.
A penitência corporal não devemos abraçá-la só por obedecer aos Estatutos; está destinada principalmente a aliviar-nos do peso da carne para que possamos seguir com mais presteza ao Senhor.
Mas se em algum caso, ou durante uma temporada, sentisse um que alguma de nossas observâncias supera suas forças, e que mais bem o entorpece do que o impulsiona ao seguimento de Cristo, decida, em filial acordo com o Prior, a mitigação que lhe convém, ao menos temporariamente. Mas, tendo sempre presente o telefonema de Cristo, indague o que está ainda dentro de suas possibilidades, e o que não pode dar ao Senhor pela observância comum, supra-o de outro modo, negando-se a si mesmo e levando sua cruz cada dia. Convém que os noviços se acostumem pouco a pouco às abstinências e jejuns da Ordem, a fim de que tendam ao rigor da observância com prudência e segurança, sob a direção do Mestre. Este os ensinará particularmente a vigiar-se para não faltar à sobriedade à hora da refeição, sô pretexto dos jejuns que têm de observar. Assim aprenderão a reprimir com o espírito as obras da carne, e a levar em seu corpo a mortificação de Jesus, a fim de que também a vida de Jesus se manifeste em seus corpos.
Segundo uma observância introduzida por nossos primeiros Padres e guardada sempre com um zelo especial, renunciamos em nosso propósito ao uso da carne. Observe-se dita abstinência como algo próprio da Ordem e signo do rigor eremítico no qual, com a ajuda de Deus, queremos perseverar.
Nenhum de nós se dê a exercícios de penitência fora dos indicados nestes Estatutos, a não ser com o conhecimento e aprovação do Prior. Mas se o Prior quisesse dar a algum de nós uma mitigação na comida, o sonho ou em alguma outra coisa, ou impor-lhe algo duro e grave, não podemos opor-nos, não seja que ao resisti-lo, resistamos não a ele, senão ao Senhor, cujas vezes faz para com nós. Pois ainda que sejam muitas e diversas as coisas que observamos, não esperamos que nenhuma delas nos aproveite sem o bem da obediência. "
Sem comentários:
Enviar um comentário