"Quando alguma Casa da Ordem fica sem Prior, o Vigário deve averiguar por votação secreta dos professos solenes que têm direito a eleger, se querem fazer a eleição do novo Prior. Se então se celebra o Capítulo Geral, a Casa comunicará quanto antes sua resposta ao Definitório. Se não quer eleger, ou se verificado um segundo escrutínio há ainda empate a votos, o Vigário peça ao Capítulo Geral ou, se então não se celebra, ao Reverendo Pai, que segundo sua prudência proveja à Casa em sua necessidade.
Se a Comunidade responde que quer eleger, o Vigário deverá admoestar seriamente no Senhor aos eleitores que a eleição de pastor de almas é assunto muito árduo e de suma importância, já que o bem ou o mal de toda a grei depende quase inteiramente de que o pastor seja bom ou mau; e que, por tanto devem proceder neste assunto com toda retidão, prudência e temor de Deus. Na eleição de Prior se deve atender antes de mais nada às dotes necessárias para o governo das almas. Também se requer alguma aptidão para a administração temporária, mas por si só não pode determinar a dar o voto; ademais, o cuidado do temporário se pode encomendar a outras pessoas.
Uma vez que o Vigário propôs tudo isto, prescreve-se a todos um jejum de três dias consecutivos, a não ser que se interponha uma Solenidade ou um Domingo.
Cada dia, até que tenha Prior, a Comunidade, depois de Laudes e de Vésperas canta com especial devoção o hino Veni, Creator Spiritus, como o traz o Ritual.
Todos podem licitamente, mais ainda devem, conferir aos membros da Ordem que conhecem melhor às pessoas. Mas guardem-se os religiosos assim conferidos de pressionar em modo algum aos eleitores.
Convocar-se-á o antes possível aos Confirmadores que devem presidir a eleição. Serão dois Priores, designados pelo Capítulo Geral ou o Reverendo Pai, ou se não podem achar-se facilmente dois Priores, um com um monge (que não seja da Casa eleitora). Se nada o impede, um dos dois Confirmadores deve ser um dos Visitadores da Província.
Os assim convocados para assistir à eleição, unam-se à Comunidade eleitora no silêncio e a oração, sem intrometer-se na futura eleição de nenhum modo. Sua missão não é designar pessoas, senão somente responder com toda verdade a quem lhes perguntem, e receber simplesmente os votos dos eleitores.
O dia em que se faz a eleição, celebra-se ou concelebra a Missa do Espírito Santo, com assistência de toda a Comunidade; preside um dos Confirmadores. Depois, o Vigário convoca no Capítulo aos Confirmadores e à Comunidade. Ali, estando todos de pé e descobertos, o Confirmador principal começa as preces que traz o Ritual. Depois, ele ou seu colega faz uma exortação. Terminada esta, ficam no Capítulo unicamente os eleitores com os confirmadores; os demais de retiram.
Então o Confirmador principal adverte a todos os eleitores que elejam a quem segundo Deus e sua consciência, julguem que é verdadeiramente apto e idôneo para o cargo de Prior naquela Casa.
Depois disto, o Confirmador principal manda que cada qual vá ao lugar destinado para escrever as papeletas, nas que só se põem o nome e sobrenome do proposto para Prior. Imediatamente se mete a papeleta num envelope, leva-se à mesa dos Confirmadores e se joga na urna ali preparada ao efeito.
Se algum dos que têm voto não pode assistir pessoalmente à eleição poderá escrever uma papeleta e metê-la num envelope, igual que os demais. E os mesmos Confirmadores irão a sua cela, se é necessário, para recolher o voto.
Feita a votação, o Confirmador principal conta as papeletas e asabre. É preciso que o futuro Prior obtenha mais da metade dos votos emitidos de fato, isto é, sem contar os votos nulos e as abstenções. Se nenhum os atinge, os Confirmadores darão os nomes dos que obtiveram votos e dirão quantos recaíram sobre cada um. Então se queimarão ali as papeletas e se voltarão a escrever outras novas.
Se depois da terceira votação ninguém fica eleito, pode-se fazer uma quarta e última votação o mesmo dia; antes da qual poderão sair os monges fora do Capítulo e trocar opiniões entre si, mas sem falar com outros. Se finalmente não sai nenhum eleito, terá que escrever todo o assunto ao Reverendo Pai, quem, depois de ouvir aos Visitadores da Província proverá à Casa privada de pastor.
Mas, se resulta eleito algum, o Confirmador principal dirá em alta voz: Temos Prior, e dirá seu nome, sua Casa de Profissão e a obediência que tem, se então tivesse alguma, indicando também o número de votos que obteve. Por último, queimam-se todas as papeletas.
Depois de publicar-se adiante de todos o nome do Prior, o Vigário, a não ser que tenha recaído sobre ele a eleição, roga aos Confirmadores que acedam a confirmar como Prior ao eleito. Os Confirmadores assinalarão um prazo, a saber, um ou dois dias, para objetar contra a forma da eleição e a pessoa do eleito.
Se os Confirmadores não encontram nenhum impedimento, congregados em Capítulo todos e só os eleitores, enquanto os demais se reúnem na igreja, confirmarão ao eleito dizendo o Confirmador principal: Nós, N. e N., humildes Priores das Casas N. e N., designados pelo Capítulo Geral (ou pelo Reverendo Pai) para presidir vossa eleição, com a autoridade de nossos Estatutos vos confirmamos como Prior desta Casa a Dom N., professo de tal Casa, no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. E a Comunidade responderá: Amém. Quando um dos Confirmadores está impedido ou é o eleito Prior, o outro fará por si só a confirmação. Depois, o segundo Confirmador lerá o processo verbal da eleição, que assinarão primeiro os Confirmadores e, depois deles, todos os eleitores.
O dia em que o Prior toma posse de seu cargo, à hora convinda, os Confirmadores (ou, em sua ausência, o Vigário e o Antiquior), tomando da cogula uno de cada lado ao novo Prior, conduzem-no à cadeira prioral na igreja, seguidos por toda a Comunidade. Feita ali uma breve oração ante as formas, de joelhos e descobertos, vão todos ao Capítulo, onde, depois de algumas palavras do Confirmador principal (ou do Vigário) ao novo Prior, este faz a profissão de fé segundo a norma canônica. A seguir se lhe acerca o Vigário e, de joelhos põe suas mãos juntas entre as do Prior. Ao perguntar-lhe este: “Prometes obediência?”, responde: “Prometo”, e, recebido o ósculo de paz levanta-se e se volta a seu lugar. O mesmo fazem depois do Vigário, o Antiquior e os demais por ordem.
Todo esse dia se celebra com gozo, come-se no refeitório e não se guarda jejum, a não ser que seja tal do que nem por uma Solenidade se quebrantaria. O Ofício que precede ao refeitório se canta na igreja. "
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