03 maio 2013

A Morte de São José



José morre... Ninguém disse como foi a sua morte...

Ele chegou silenciosamente; lutava sem glória;
ator silencioso de uma sublime história,
um dia, desapareceu, para nunca mais voltar.

Nós o vimos passar, no fundo da cena,
o Menino Deus, em seus passos, a Virgem perto dele;
ele aplainou, aperfeiçoou o dia;
e os anjos, à noite
informavam-lhe sobre as conspirações do ódio.

À partida de Jesus, seu papel terminava;
e então, sobre ele, o Evangelho silenciava.
Uma noite, ele teve de deixar sua plaina inútil
e, acamado, tinha Maria à cabeceira.

A noite descia, semelhante àquela noite distante,
quando o Anjo do Senhor veio despertá-lo para fugir...
O Anjo retornou, naquela noite, para ajudá-lo a morrer;
e José ouviu sua voz doce e serena.

O anjo dizia: “José, filho de Davi, sou eu,
novamente. Descanse em paz, porque o Menino e sua Mãe
nesta terra, não mais terão perigos a temer.
A partir de agora, eles poderão viver e morrer sem você.”
Mas José relutava em aceitar este adormecer.
Sem dúvida esperava por alguém que gostaria de rever,
pois tentava ouvir os rumores da estrada
e em seus olhos brilhava um vislumbre de esperança.

De repente, ele se levanta... Leves passos rompem o silêncio;
a porta da casa se abre sobre a noite
e Jesus, cruzando o limiar de sua infância,
se precipita até o leito do pai e se inclina sobre ele.

Quanto deve ter caminhado para chegar! A poeira
cobre seus pés nus e sublinha seus traços;
mas de seus olhos claros a luz emana
e dessa luz, os olhos de José se enchem para sempre ...

Maria sussurra: "És tu, meu Filho! "E o Anjo
se prostrou por terra. Jesus se inclina sobre o modesto leito,
abraça o pai; nenhuma palavra é trocada ente os dois.
Jesus entrega à morte seu primeiríssimo combate!

E na sombra, a morte, indefesa, se detém...
Mas o velho operário não esperava, que, assim, tão tarde, seu Filho lhe desse um coração jovem e forte: ele observa
o rosto divino e morre neste olhar.

Ah! Bem-aventurado aquele que, alma confiante,
após ter rezado, sofrido e trabalhado,
tenha, numa noite, se estendido de fadiga e de prolongada e espera
e depois, ao receber um beijo divino, tenha partido!...


Georges D'Aurac

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