Há dias atrás, num blog que visito regularmente e num contexto que seria demasiado explicar aqui, o seu autor apelidou-me de “homem de Deus”.
Confesso que por uma breve fracção de segundo, senti um calor abrasador na minha pequena alma, com esta afirmação minimalista e breve mas, ao mesmo tempo, de uma enorme grandeza inexplicável. Depois, veio ao de cima a parte humana de mim, a parte em que senti-me inchado, importante e quase como sendo alguém muito próximo do Altíssimo. De seguida, pedi-Lhe perdão, quase que inconscientemente, por ter tido esses pensamentos normais para o homem mas, tentações para quem é crente, para quem tenta diariamente seguir Cristo por intercessão da Sua Mãe Maria Santíssima. Para quem se diz ser, apenas e tão só Cristão como os demais.
Há noite, não sei se por obra e graça do Espírito Santo (como dizemos na gíria e algumas vezes em jeito de gozo) novamente essa expressão batia incessantemente na minha mente “homem de Deus” como se quisesse dizer algo mais do que apenas isso. É certo que, em termos religiosos, já me deram muitos apelidos, uns bons e outros menos bons, mas todos eles com um impacto na alma muito menor que este. Este realmente mexeu muito comigo porque, nesta pequena afirmação, este irmão em Cristo conseguiu, sem saber ou tão pouco imaginar, agregar todos os outros apelidos num só.
Aos poucos fui ruminando-a para ver se conseguia extrair alguma seiva, alguma gota de orvalho ou algumas proteínas necessárias para a minha alma, mas acabei por adormecer antes que se fizesse luz, antes que retirasse algum ensinamento.
Agora, e enquanto vou passando para esta folha de papel inexistente, com esta tinta virtual, aos poucos vou sentido, não só o peso mas, principalmente, a responsabilidade de tal apelido. Sim, porque apesar de ser membro efectivo da A.P.A. (Associação de Pecadores Anónimos) na qual, comprometi-me que, todos os dias da minha vida, tentaria não pecar, tentaria segui-Lo com todas as minhas forças, todos nós Cristãos, membros do A.P.A. ou não, somos co-responsáveis com aqueles e aquelas que se entregaram a Deus de alma e coração. Apesar de leigos, somos as pedras vivas da Igreja e assim sendo, também temos responsabilidades perante Deus, também temos deveres perante os nossos irmãos e não, como alguns possam pensar, que só temos direitos, e os deveres, esses são para os sacerdotes e afins.
Sermos “homens de Deus”, para além de toda a enormidade inserida, para além de toda a carga emocional e teológica inserida, é agirmos como tal, é sermos sacerdotes, profetas e reis aqui e agora e não amanhã… se calhar. É usarmos dos meios disponíveis neste tempo, para passarmos a “boa nova” a quem está um pouco debilitado na fé mas, principalmente, a quem não tem fé ou a perdeu. É também darmos a mão a que está estendido, o ombro a quem precisa de apoio, uma palavra amiga a quem precisa de auto-estima ou apenas ouvir quem precisa falar, entre muitas outras acções.
Termino confessando a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos, que nem sempre sou o Cristão que devia ser, que muitas vezes peco com todos os poros do meu corpo e não “… muitas vezes por pensamentos, palavras, actos e omissões”, mas é “por minha culpa, minha tão grande culpa” porque diariamente “peço à Virgem Maria, aos Anjos e Santos e a vós irmãos, que roguem por mim a Deus nosso Senhor” e sabendo que intercedem, esta minha pequena alma sofre, quando caio em tentação.
“homem de Deus”… tão perto e tão longe que me encontro desse estatuto mas, foram gotas de água pura na minha alma, muitas vezes impura. Que Nossa Senhora interceda a Deus Nosso Senhor por este irmão, “fruta que cairá quando estiver madura” como me explicou um irmão romeiro, sacerdote por sinal.
2 comentários:
Sinto contigo este teu texto, amigo Paulo.
Um abraço amigo em Cristo
Obrigado irmão Joaquim pelo teu comentario "pequeno" mas com uma "grandeza" tamanha.
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