14 dezembro 2010

O ROSARIO - 2

A denominação «Rosário» é ambígua.

O seu primeiro sentido é profano.

O termo latino «rosarium» ou ainda «rosarius» não foi usado com a mesma significação nos diferentes períodos do passado. Numa mais antiga série de manuscritos, podia ser a forma latinizada do termo alemão “Rols (cavalo)”. Ele foi usado nesse sentido para designar coleções e obras de consulta, como por exemplo uma nomenclatura de decisões jurídicas ou um código de conveniências da época.

E num período mais recente que se faz derivar o nome do termo latino «rosa». «Rosarium» toma então a sua verdadeira significação de: roseiral, roseira ou coroa de rosas. Será preciso ainda esperar um bom momento, antes que o termo designe a cadeia de pérolas que nós denominamos hoje «rosário» ou «terço» (O primeiro nome do terço foi «Pater noster»). Isso não acontecerá senão no fim do século XV.

A rosa simbolizou em todas as civilizações que a conheceram o amor humano. Após as cruzadas, um conto persa, «Goulistan», introduziu-se no Ocidente e fez a conquista, no meio do século XIII, de todas as cortes das nobres européias, sob a sua versão francesa do «Romance da Rosa». O amor é descrito com realismo como uma incursão num jardim de rosas. As mulheres nobres da Idade Média trocam com os seus cavaleiros «coroas de rosas», como prova de amor. Por um desenvolvimento ulterior, crescente nos meios nobres, as canções de amor são em breve chamadas «rosarium». Não é preciso mais que um pequeno passo para designar igualmente com o nome de «rosarium» as canções de amor e de louvor dirigidas à Mãe de Deus.

Visto sob este ângulo, não é fácil compreender como a maneira simples e despojada de rezar das pessoas humildes, que consiste em repetir 50 vezes a saudação angélica, tal como os Cartuxos de Tréveris o tinham ensinado desde o princípio do século XV: Como esta maneira humilde pôde herdar o belo nome de Rosário, que os nobres reservaram à sua obra-prima?

Esse único fato atesta que o Rosário nasceu sob a influência dum nobre, familiar da oração popular, em uso nas regiões da Baixa Renãnia. Como é que isso aconteceu?"

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