16 outubro 2010

14 -O silêncio

"Deus conduziu a seu servo à solidão para falar-lhe ao coração; mas só o que escuta em silêncio percebe o sussurro da suave brisa que manifesta ao Senhor. Ainda que ao princípio nos resulte no duro calar, gradualmente, se somos fiéis, nosso mesmo silêncio irá criando em nós uma atração para um silêncio cada vez maior.

Por isso, não lhes está permitido aos irmãos falar indistintamente o que queiram, com quem queiram ou o tempo que queiram. No entanto , podem falar do que seja útil para seu trabalho, mas em poucas palavras e baixinho. Além do que corresponde à utilidade do trabalho, só podem falar com licença, tanto com os monges como com os estranhos. Como a guarda do silêncio é de suma importância na vida dos irmãos é preciso que guardem cuidadosamente esta regra. Nos casos duvidosos não previstos pela lei, fica à discrição de cada qual o julgar se lhe está permitido falar e quanto, segundo sua consciência e a necessidade.

A devoção ao Espírito que habita em nós e a caridade fraterna pedem que os irmãos contem e meça suas palavras quando lhes está permitido falar. É de crer que um colóquio longo e inutilmente prolongado contrista mais ao Espírito Santo e dissipa mais do que poucas palavras, inclusive ilícitas, mas em seguida interrompidas. Frequentemente, a conversa que começa sendo útil, degenera cedo em inútil, para terminar sendo censurável.

Os Domingos e Solenidades, e também os dias dedicados especialmente ao retiro, guardam com mais cuidado o silêncio e a cela. Todos os dias, desde o toque vespertino do Ângelus até Prima, deve reinar em toda a Casa um silêncio perfeito, que não podemos quebrantar sem verdadeira e urgente necessidade. Porque este tempo da noite, segundo os exemplos da Escritura e o sentir dos antigos monges, favorece de um modo especial o recolhimento e o encontro com Deus.

Não se permitam também não os irmãos dirigir a palavra sem permissão às pessoas de fora que chegam, nem conversar com eles; unicamente se lhes permite devolver a saudação aos que encontrem ao passo ou se lhes acerquem, e responder brevemente ao que lhes perguntem, escusando-se com que não têm permissão para falar mais.

A guarda do silêncio e o recolhimento interior requerem uma especial vigilância de parte dos irmãos, que têm tantas ocasiões de falar. Não poderão ser perfeitos neste ponto, se não tentam atenciosamente andar na presença de Deus. "

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