25 outubro 2010

28 -A pobreza

"O monge elegeu seguir a Cristo pobre, para enriquecer-se com sua pobreza. Não se apoiando no terreno senão em Deus, tem seu tesouro no céu, onde tende seu coração. Portanto, sem considerar nada como próprio, está preparado a pôr gostosa e livremente em mãos de sua Prior todas as coisas que se lhe concederam, quantas vezes este quiser.

Os professos solenes nada têm em particular, fora das coisas que a Ordem lhes concede para o simples uso. Também renunciaram à faculdade de pedir, receber, dar ou alienar alguma coisa sem permissão. Ainda entre nós, também não podemos mudar ou receber algo sem licença.

Os professos de votos temporários e os doados, ainda que conservam a propriedade de seus bens e a capacidade de adquirir outros, não têm nada consigo, como também não os noviços. O Mestre ensine individualmente a seus alunos o desprendimento dos bens temporários e das comodidades, e o amor à pobreza.

Segundo Guigo, se a um monge algum amigo ou parente lhe envia roupa ou algo pelo estilo, não se lhe dá a ele, senão mais bem a outro, para que não pareça que o tem como próprio. Assim, pois, nenhuma pessoa da Ordem se atreva a reclamar o usufruto ou qualquer outro título de propriedade sobre os livros ou outra coisa adquirida pela Ordem obrigado a ele; mas se se lhe concede o uso, aceite-o com agradecimento, não como de coisa própria senão alheia. Ninguém tenha nunca dinheiro a seu arbítrio, nem o guarde em seu poder.

E porque o Filho do homem não teve onde reclinar sua cabeça, observem-se plenamente em nossas celas a singeleza e a pobreza.

Retiremos delas com perseverante empenho o supérfluo e o atraente, inclusive pedindo com agrado o parecer do Prior.

Não tenha nosso vestido nada de luxuoso ou supérfluo contrário à singeleza e pobreza religiosa. Pois em todas estas coisas, nossos Padres não se preocupavam senão de preservar-se do frio e cobrir a nudez, julgando que, certamente, aos cartuxos lhes corresponde a rusticidade em sua roupa e em todas as demais coisas que usam.

Seguindo seu espírito, tentemos, no entanto, que tanto a roupa como a cela de cada um estejam limpas e em boa ordem.

A não ser que estejamos de viagem ou enfermos, compomos a cama com monástica austeridade.

Os instrumentos de certo preço só se permitirão a quem, segundo o juízo do Prior, pareça necessário. Os instrumentos músicos não estão de acordo com nossa vocação, nem os jogos, sejam do gênero que sejam. No entanto, para aprender nosso canto podem admitir-se instrumentos que educam a voz ou a gravam.

Ficam totalmente excluídos de entre nós os instrumentos radiofônicos.

É tão grande a variedade das condições locais, que com frequência o que num lugar é necessário resulta supérfluo em outro, e assim não é possível estabelecer uma lei universal para todos.

Exortamos, pois, aos Priores que atendam benévolos a todas as necessidades reais de seus monges, quanto o permitam os recursos da Casa. Movidos pela caridade de Cristo, não permitam que se os possa repreender justamente em isto, nem que, por sua mesquinharia, vejam-se os monges induzidos ao vício de propriedade A pobreza será tanto mais grata a Deus, quanto mais voluntária, e o laudável não é carecer das comodidades do mundo, senão ter renunciado a elas. "

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