21 outubro 2010

23 –O Prior

"A eleição do Prior

Toda Casa da Ordem onde estão presentes ao menos seis professos capazes de eleger, podem eleger a seu Prior. Mas a eleição deve fazer-se dentro dos quarenta dias; decorrido esse tempo, proverá de novo Prior o Reverendo Pai ou o Capítulo Geral.

O ministério do Prior

O Prior, a exemplo de Cristo, está entre seus irmãos como quem serve; rege-os segundo o espírito do Evangelho e segundo a tradição da Ordem que ele mesmo recebeu. Se esforça por ser útil a todos com sua palavra e seu exemplo de vida. Será, em particular para os monges do claustro, dos quais procede, um modelo de quietude contemplativa, estabilidade, solidão e fidelidade às observâncias de sua vocação.

Nem seu posto nem seu vestido se diferenciam em nada dos demais por sua dignidade ou luxo, nem também não leva nenhum distintivo que o dê a conhecer como Prior.

O Prior, que é no mosteiro o pai comum de todos, deve mostrar a mesma solicitação pelos irmãos e pelos padres. Os visitará de vez em quando em suas celas e obediências. Se algum vai a sua cela, o acolherá com grande caridade, e sempre escutará com agrado a cada um. Será tal que seus monges, sobretudo nas provas possam recorrer a ele como ao regaço de um pai cheio de bondade e abrir-lhe, se o desejam, sua alma livre e espontaneamente. Não julgando com miras humanas, se esforçará com seus monges por estar à escuta do Espírito na busca comum da vontade de Deus, da que, pela missão que recebeu, é intérprete para seus irmãos.

O Prior não deve, para fazer-se querer, relaxar a disciplina regular, porque isto não é guardar as ovelhas, senão perdê-las. Pelo contrário, governe aos monges como a filhos de Deus, promovendo sua voluntária sujeição, para que na solidão se conformem mais plenamente a Cristo obediente.

Os monges, por sua vez, amem em Cristo e reverenciem a seu Prior, e tributem-lhe sempre humilde obediência. Confiem nele, que tomou o cuidado de suas almas no Senhor, abandonando toda preocupação naquele que se crê faz as vezes de Cristo. Não se tenham por sábios em sua própria estimação, fiados em seu próprio juízo, senão que, inclinando seu coração à verdade, escutem os conselhos de seu pai.

Aos mais jovens, quando começam a viver entre os professos solenes, aos conversos recém feitos seus votos solenes, e aos doados que já não estão sob a tutela do Mestre, não os deixe o Prior abandonados a si mesmos e ao arbítrio de sua própria vontade, pois a experiência ensina que estes anos são os mais perigosos para nossa vocação, e que deles depende todo o resto de nossa vida. Ajude-os como pai, e inclusive como irmão, dialogando com eles singelamente em particular. Quanto seja possível, evite o pôr aos monges nos cargos mal terminaram os estudos, sobretudo no de

Procurador.

Vele o Prior para que se tenha normalmente o Capítulo dos irmãos. Cuide, ademais, de que uma vez por semana se lhes explique a doutrina cristã ou os Estatutos. E como este é um dever seu grave, ponha sumo empenho em que os irmãos adquiram uma sólida formação e se lhes proporcionem livros adequados para isso.

Mostre um cuidado especial com os enfermos, tentados e afligidos, sabendo por experiência que dura pode resultar-nos as vezes a solidão.

Como os livros são o alimento perene de nossas almas, o Prior facilite-se gostosamente a seus monges. Convém que se nutram principalmente da Sagrada Escritura, dos Padres da Igreja e dos bons autores monásticos. Forneça-lhes também outros livros sólidos, cuidadosamente selecionados para utilidade de cada qual.

Pois na solidão nos dedicamos à leitura não para conhecer todas as novas opiniões, senão para alimentar a fé na paz e favorecer a oração. Também pode o Prior, se é preciso, proibir algum livro a seus monges.

O Prior, para tomar alguma decisão nas coisas de maior importância relacionadas com as obediências dos Oficiais, apóie-se neles depois de ter trocado opiniões e de comum acordo. Eles, por sua vez, submetam-se sempre a suas ordens com ânimo filial. Aprenda ele a conhecê-los com suas dificuldades, com ânimo paternal, ajude-os, defenda sua autoridade em presença de todos, e, se é necessário, corrigi-los com caridade. Proceda de tal modo que não só pareça interessar-se pela ordem externa, senão que, pessoalmente fiel ao Espírito, mostre a todos a caridade de Cristo Porque a paz e concórdia da Casa depende em grande parte de que os Oficiais estejam unidos com o Prior e de comum acordo.

O Prior não deve comer em sua Casa com os hóspedes desordenada e indiferentemente, senão somente com as pessoas às que não se lhes pode negar facilmente este atendimento, e ainda então, quantas menos vezes, melhor.

O Prior que por velhice ou doença não pode reger sua grei nem dar-lhe exemplo de vida regular, reconheça-o humildemente e, sem esperar ao Capítulo Geral, peça a misericórdia ao Reverendo Pai. Exortamos aos Definidores que não mantenham no cargo de Prior a pessoas gastadas pela velhice ou pouca saúde.

O Prior, cujo cargo requer não pouca abnegação, aplique-se a si mesmo aquelas palavras de Guigo: Não tens de empenhar-te em que teus filhos, a cujo serviço te pôs o Senhor, façam o que tu queres, senão o que lhes convém. Deves submeter-te ao seu bem e não submetê-los a tua vontade, porque te foram confiados, não para que te colocares acima deles, mas ao seu serviço. "
































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