25 outubro 2010

29 -A administração dos bens temporários

"O Prior não cuida coisas suas ou dos homens, senão as de Cristo pobre, a quem terá de dar conta de tudo. A ele lhe corresponde dirigir aos Oficiais e subordinados na administração dos bens empregá-los com discrição, segundo Deus, a própria consciência e o critério da Ordem e dos Estatutos, e velar solicitamente para que não se desperdice nada.

O Procurador apresenta ao Prior recém instalado o estado dos bens principais da Casa, tanto móveis como imóveis, que será assinado pelo Prior e seu Conselho. O ata desta relação se guardará no arquivo da Casa.

Para a sustentação de nossas Casas determinaram nossos Padres não se fiar nos donativos que se recebem, senão, com a ajuda do Senhor, dispor de alguma renda anual fixa. Pois lhes parecia que por benefícios incertos não se têm de assumir ônus verdadeiros, que, depois, não se podem nem sustentar nem abandonar sem grande perigo; os quais, ademais, sentiram horror pelo costume de andar pelo mundo pedindo esmola.

Cremos, no entanto, que com a ajuda de Deus nos bastarão uns recursos modestos, se persevera o empenho do antigo propósito de humildade pobreza e sobriedade na comida, no vestido e restantes coisas pertencentes a nosso uso, e se, em resumo, o desprezo do mundo e o amor de Deus, por quem se têm de suportar e fazer todas as coisas, vai crescendo de dia em dia. A nós também se referem às palavras do Senhor: Não vos inquieteis pelo dia de manhã, pois bem sabe vosso Pai celestial que de tudo isso tendes necessidade. Procurai primeiro o reino de Deus e sua justiça.

Ainda que a Casa pode possuir tudo o necessário para a vida da Comunidade segundo a natureza de nosso Instituto, deve-se evitar qualquer luxo, lucro imoderado e acumulação de bens, para dar depoimento de verdadeira pobreza. Pois não basta que os monges se submetam ao Superior no uso dos bens; é preciso que, como Cristo, sejam pobres realmente, tendo seu tesouro no céu. Não só se tem de evitar a sumptuosidade, senão também a comodidade excessiva, para que tudo em nossas Casas tenha esse ar de singeleza característico de nossa vocação.

Nossos edifícios sejam certamente adequados e idôneos para nosso modo de vida; mas em todas partes fique a salvo neles a singeleza. Porque nossas Casas devem dar depoimento não de vão glória ou de arte, senão de pobreza evangélica.

Finalmente, exortamos e rogamos a todos os Priores de nossa Ordem, pelas entranhas de Jesus Cristo, Deus e Salvador nosso, imolado por nós na lenha da Cruz, que todos se apliquem de todo coração, segundo as possibilidades de suas Casas, a fazer esmolas com grande generosidade, tendo em conta que quanto esbanjem ou imoderadamente poupem é furtá-lo aos pobres e às necessidades da Igreja. Assim, conservando este fim comum dos bens, imitemos aos primeiros cristãos que não consideravam como própria nenhuma coisa, senão que todas as tinham em comum. "

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