10 outubro 2010

8 -O novicio

"Quem, ardendo em amor divino, desejam abandonar o mundo e captar as coisas eternas, quando chegam a nós recebamo-los com o mesmo espírito. É, pois, muito conveniente que os noviços encontrem nas Casas onde têm de ser formados, um verdadeiro exemplo de observância regular e de piedade, de guarda da cela e do silêncio, e também de caridade fraterna. Se chegasse a faltar isto, mal se poderá esperar que perseverem em nosso modo de vida.

Aos que se apresentem como candidatos, se os tem de examinar atenciosa e prudentemente, segundo o aviso do Apóstolo São João: Examinai se os espíritos vêm de Deus. Porque é realmente verdadeiro que da boa ou má admissão e formação dos noviços depende principalmente a prosperidade ou a decadência da Ordem, tanto na qualidade como no número das pessoas.

Por isso, os Priores devem informar-se com prudência sobre sua família, sua vida passada e suas qualidades de alma e corpo; pela mesma razão, convirá conferir a médicos prudentes que conheçam bem nosso gênero de vida. Efetivamente, entre as dotes pelas que os candidatos à vida solitária devem ser estimados, tem de contar-se, sobretudo, um juízo equilibrado e são.

Não acostumamos receber noviços antes que tenham começado os vinte anos; inclusive entre os que peça ser recebidos, recebam-se tão só aqueles que, a juízo do Prior e da maioria da Comunidade, tenham suficiente doutrina, piedade, maturidade e forças corporais para levar os ônus da Ordem; e que sejam o bastante aptos, sem dúvida para a solidão, mas também para a vida comum.

Mas convém que sejamos mais circunspetos na recepção das pessoas de idade madura, já que se adaptam mais dificilmente às observâncias e nossa forma de vida; por isso não queremos que alguém seja recebido depois dos quarenta e cinco anos, sem licença expressa do Capítulo Geral ou do Reverendo Pai. Tal licença se requer também para admitir ao noviciado a um religioso paquerado o vínculo da Profissão em outro Instituto, e se se trata de um professo de votos perpétuos, o Reverendo Pai precisa o consentimento do Conselho Geral. Para admitir a alguém unido anteriormente com votos a um Instituto religioso, se nos aconselha ouvir antes ao Reverendo Pai.

Quando se nos apresenta algum com desejos de ser monge do claustro, primeiro se lhe pergunta em particular que motivo e daí intenção o movem a isso. E se realmente se vê que só procura a Deus, se o examina sobre alguns pontos que então é preciso conhecer : se tem a devida formação cultural para um monge que tem de ser promovido ao sacerdócio, se pode cantar e se tem algum impedimento canônico. No entanto, o postulante não poderá iniciar o noviciado até que tenha os suficientes conhecimentos de língua latina.

Cumprido isto, expõe-se ao candidato o fim de nossa vida, a glória que esperamos dar a Deus por nossa união com sua obra redentora, e que bom e gozoso é deixá-lo tudo para aderir-se a Cristo. Também se lhe propõe o duro e áspero, fazendo-lhe ver, quanto seja possível, todo o modo de vida que deseja abraçar. Se ante isto segue decidido, oferecendo-se com sumo gosto a seguir um caminho duro, fiado nas palavras do Senhor, e desejando morrer com Cristo para viver com Ele, por fim se lhe aconselha que, conforme ao Evangelho, se reconcilie com aqueles que tiverem alguma coisa contra ele.

Depois de uma provação de três meses, ao menos, e não mais de um ano, o postulante, numa data determinada, apresenta-se à Comunidade, que dará outro dia seu voto a respeito da admissão.

O novicio, já que vai seguir a Cristo deixando todas suas coisas, entregue ao Prior integralmente o dinheiro e o demais que talvez trouxe consigo, a fim de que não seja ele mesmo senão o Prior, ou o que o Prior disponha, quem o guarde a modo de depósito. Por nossa parte, não exigimos nem pedimos absolutamente nada aos noviços nem aos que querem entrar em nossa Ordem.

O noviciado se prolonga durante dois anos; tempo que o Prior poderá prorrogar, mas não mais de seis meses.

Não se deixe aplanar o novicio pelas tentações que costumam espreitar aos seguidores de Cristo no deserto, nem confie em suas próprias forças, senão mais bem espere no Senhor que deu a vocação e levará a termo a obra começada. "

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